ARTIGO | Cidadania ecofiscal e o Estado do futuro, por Luiz Carlos Diógenes

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A Era Ecológica reclama um Estado, um tributo e um sujeito humano à altura de seu escopo científico, ético e político. Difícil mudar práticas antiecológicas, culturalmente naturalizadas

A Natureza, chamem-na Deus, ou não, viabilizou um meio ambiente favorável ao desenvolvimento econômico, e sobrevivência intergeracional da raça humana no Planeta Terra. Do raso senso comum às alturas sobranceiras das ciências, sabe-se de uma só humanidade residindo na crosta desta casa comum. Para nela viver, evoluindo, o ser humano, com sua engenhosidade inventiva e acúmulo experimental, criou modelos de Estado, ideologicamente insculpidos com mecanismos políticos de permanência. E entre estes instituiu o tributo como pilastra basilar.

O início da Era Ecológica, no despertar da contemporaneidade, desvela a última fase do imperialismo antropocêntrico. A racionalidade humana, em sua fria lógica de aço, convoca, por enquanto anualmente, os Estados nacionais do mundo globalizado, alardeando a necessidade de inverter a cadeia artificialmente criada entre Tributo, Estado e Ser Humano, resgatando a locomotiva da Natureza, como guia de uma humanidade desnorteada.

O tributo pode ter função socioambiental, quando se destina a clarear o caos distópico da pisada antropocêntrica, ecologicamente suicida. Sem natureza suficiente para a vida humana, tributo nenhum – nada de humano – sustentará.

A Era Ecológica, portanto, reclama um Estado, um tributo e um sujeito humano à altura de seu escopo científico, ético e político. Difícil mudar práticas antiecológicas, culturalmente naturalizadas. As COPs anuais testemunham. Resta, como derradeira medida, precaver o futuro para os que virão. Os nascituros também são cidadãos legítimos que necessitam das políticas públicas do Estado, que lhes garantam o que grassa nas Constituições socioambientais dos Estados Democráticos de Direito da contemporaneidade.

Escolas de Ensino Fundamental, responsabilidade dos municípios, e escolas de Ensino Médio, responsabilidade dos Estados, podem antecipar o futuro das gerações vindouras, tornando obrigatória a disciplina-matriz da ecofiscalidade. Crianças e adolescentes, sob o ideário da cidadania ecológica e do Estado socioambiental, emancipam-se pelo conhecimento, sabedores de seus direitos e deveres perante a humanidade e perante a natureza.

O futuro é agora!

Fonte: O Povo

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