Para o ministro do STF, país vive tempos estranhos: ‘Vamos aguardar com temperança, mas preocupados’
BRASÍLIA — O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que é preciso aguardar com “temperança” o que vem pela frente ao comentar as manifestações deste domingo pelo país, que tiveram palavras de ordem contra o Congresso e o STF. Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro cumprimentou manifestantes durante um ato em Brasília.
— Cabe ao presidente falar (sobre os protestos). Só revela que vivenciamos tempos muito estranhos e não sabemos o que podemos ter pela frente. Vamos aguardar com temperança, mas preocupados —disse o ministro.
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Marco Aurélio não quis comentar amplamente a postura do presidente de romper com os protocolos do Ministério da Saúde em relação ao coronavírus e sair do isolamento. Bolsonaro chegou a apertar a mão de apoiadores e tirar selfies.
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No Rio, o ato foi na Orla de Copacabana Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
— Mostrou que o presidente não tem medo do coronavírus — avaliou, acrescentando uma crítica:
— Não se pode jamais esquecer que o exemplo vem de cima.
Maia: ‘atentado à saúde pública’
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que Jair Bolsonaro comete um “atentado à saúde pública” ao participar das manifestações e que ainda contraria as orientações do seu próprio governo.
“O presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas. Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo”, disse Maia, em texto publicado em seu perfil no Twitter.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), também criticou o presidente por sua participação no ato por meio de uma nota.
“Conduta imprópria e inoportuna. Nós estamos reunidos aqui para tomar decisões para proteger a vida das pessoas. E o presidente Bolsonaro está mais preocupado com a sua vida política”, afirmou Doria no texto, acrescentando: “Eu procuro pensar em todos. O presidente pensa nele”.
Fonte: O GLOBO