Inflação do Nordeste de 26,46% supera média nacional

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A Região Nordeste registrou inflação maior do que a média das outras regiões do país no acumulado de janeiro de 2020 a março de 2023. O dado é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas Ibre da FGV, após análise feita a partir de um novo índice de preços do instituto, o Índice de Preços ao Consumidor Regional (IPC-Regional).

O indicador estima a inflação para famílias de baixa renda, aquelas de até 1,5 salário mínimo por mês, e de alta renda, acima de 11,5 salários mínimos por mês, nas diferentes regiões do país.
Nesta edição, o indicador joga olhos sobre o Nordeste, pelo fato de a região “ter experimentado um processo inflacionário um pouco mais rigoroso que as demais”, de acordo com o FGV Ibre. De janeiro de 2020 a março de 2023, o IPC das famílias de renda baixa acumulou alta de 26,46% no Nordeste. Enquanto isso, o avanço nas demais regiões do país, excluindo o Nordeste, foi de 23,51%.

O resultado nordestino está associado em parte ao aumento dos produtos alimentícios, que responde por uma fatia maior do orçamento das famílias mais pobres. No que diz respeito à alimentação, a inflação acumulada para baixa renda foi de 43,24% no intervalo de janeiro de 2020 a março de 2023, enquanto nas demais regiões registrou 42,01%.

Para ilustrar a pressão dos preços da comida, o FGV Ibre citou dez alimentos que subiram bem acima da inflação média local: óleo de soja (119,02%), arroz (80,41%), milho de pipoca (76,46%), farinha de mandioca (74,45%), açúcar cristal (59,71%), margarina (59,43%), linguiça (58,49%), ovos (56,48%), leite em pó (54,05%) e pão francês (46,37%).

Entre as famílias consideradas de alta renda, a inflação acumulada pelo IPC-Regional foi de 23,04% no Nordeste de janeiro de 2020 a março de 2023. Na média das outras regiões brasileiras, o avanço alcançou 21,42%.

Para a camada mais rica da população, o grupo com maior peso no orçamento familiar é o de transportes. No Nordeste, a inflação acumulada por transportes para esses consumidores foi de 24,66% de janeiro de 2020 a março de 2023. Nas demais regiões, o aumento foi de 23,12%.
O FGV Ibre afirma que, de 2020 a março de 2023, a inflação foi influenciada por fatores diversos. A pressão inicial, diz o instituto, veio dos reflexos da pandemia de Covid-19. A crise sanitária desalinhou cadeias produtivas globais, gerando escassez de matérias-primas.

Em seguida, houve impacto da crise hídrica e do aumento dos preços do petróleo em 2021, aponta o FGV Ibre. A partir de 2022, a Guerra da Ucrânia exerceu pressão adicional sobre as cotações de commodities agrícolas, incluindo trigo e milho, o que pressionou os alimentos.
O levantamento do FGV Ibre traz ainda um recorte do IPC-Regional no acumulado de 12 meses. Até março de 2023, a maior alta da inflação das famílias de baixa renda foi registrada no Norte (4,70%). Nordeste (4,57%), Sul (3,12%), Sudeste (3,03%) e Centro-Oeste (2,24%) aparecem na sequência.

“A inflação percebida pelas famílias, nas mais diversas regiões do país, segue uma dinâmica muito particular. Famílias com o mesmo nível de renda, mas residentes em diferentes regiões, podem perceber diferenças no comportamento da inflação. Tais diferenças se sustentam em função dos hábitos de consumo, dos impostos, do frete, do clima e de vários outros fatores. Além disso, famílias em diferentes classes sociais também tendem a sentir diferença no comportamento da inflação”, destacou o FGV Ibre.

Fonte: O Estado CE

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