Ceará se prepara para recuperação de perdas da pandemia no segundo semestre

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Centro de Fortaleza é um dos afetados pela crise econômica
Centro de Fortaleza é um dos afetados pela crise econômica

Passado o primeiro semestre impactado pela crise causada pela pandemia, o Governo do Ceará já pensa na recuperação nos últimos seis meses do ano para que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) seja menos impactado. De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisas e Estratégias Econômicas do Ceará (Ipece), o PIB cearense deve encolher 4,92% neste ano, menos que os 6,5% previstos para o País.

O titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Jr., diz que o cenário para o segundo semestre é mais otimista do que o esperado. Mas, ele comenta que a recuperação para os níveis pré-pandemia somente deve acontecer entre 18 e 24 meses.

O secretário lembra que o Estado recuperou em 2019 as perdas dos anos de recessão entre 2015 e 2016. Na visão de Maia Jr., a agropecuária é a atividade que deve se desenvolver mais no curto prazo. Já os hubs de telecomunicações e logística são prósperos no atual momento e há boas perspectivas no médio e longo prazo.

O titular da Sedet fala em “otimismo contido” e existe até previsão de novos negócios nos próximos meses. “Estamos pensando no desenvolvimento da indústria da saúde e o Ceará pode ser um hub no setor para as regiões Norte e Nordeste.”

As contas estaduais de junho, de acordo com os dados ainda preliminares do Ceará Transparente, revelam que as receitas chegaram a R$ 1,88 bilhão, 7% a menos ante igual mês do ano passado. As despesas chegaram a R$ 1,8 bilhão, 15,3% maiores do que em 2019.

Fabrízio Gomes, secretário executivo do Tesouro Estadual da Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE), explica que as receitas próprias devem fechar oficialmente no dia 10. Certo é que os R$ 313 milhões da primeira parcela do auxílio financeiro da União chegaram em junho. “Acredito que deve haver uma queda de arrecadação um pouco menor do que em maio, mas tudo vai depender muito de como caminha essa retomada”, diz.

Já para o resultado nacional dos principais índices, o economista da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, analisa que as perspectivas não são boas. “Tivemos um segundo trimestre muito afetado pela pandemia e a queda deve ser de 6,54% no PIB. O cenário também apresenta inflação em baixa. Observamos flexibilização da quarentena, mas junto estão vindo novos casos, o que deixa o mercado apreensivo”, observa.

O economista acredita que é preciso analisar semana a semana para ver como será a retomada das economias nos estados. Ele ainda diz que o terceiro trimestre será decisivo para a recuperação das perdas do primeiro semestre. O peso do cenário externo e as crises políticas também darão o tom.

A professora de Economia e coordenadora do Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich, afirma que a pandemia que o mundo está enfrentando trouxe como consequência o colapso econômico da maior parte dos países. Sejam eles desenvolvidos, emergentes ou pobres.

Ela lembra que a cada projeção econômica realizada para 2020, ampliam-se as perdas. Em junho, o Banco Mundial atualizou a previsão para uma contração mundial na ordem de -5,2%. No Brasil, a queda seria de 8%. Outros recuos serão vistos nos Estados Unidos (-6,1%), na zona do euro (-9,1%), no Japão (-6,1%), na Rússia (-6%), na Argentina (-7,3%), com exceção da China, onde projeta-se crescimento de 1%.

A crise gerada por conta da pandemia mundial, em algum momento, irá passar, convertendo-se em um período de recuperação. Entretanto, tem-se que se levar em conta que o ambiente está cheio de incertezas, o que eleva o risco para qualquer tipo de decisão. Estamos passando por uma crise econômica jamais vista”, analisa.

Diário do Nordeste

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