Ceará lidera em número de empresas do Nordeste listadas em Bolsa de Valores

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Com o IPO da Aeris Energy ontem (11), Estado é sede de oito companhias de capital aberto na Bolsa. Este número deve continuar crescendo – a expectativa é que, nos próximos meses, a Cagece também lance suas ações no mercado

Embora seja a terceira maior economia do Nordeste, atrás de Bahia e Pernambuco, o Ceará é o estado com o maior número de empresas de capital aberto da Região. São oito companhias listadas em Bolsa no Estado, das quais sete são privadas e uma é estatal. Na Bahia, maior economia da Região, há cinco e em Pernambuco, duas. Os estados do Maranhão e do Sergipe têm uma empresa aberta, cada um.

Após o IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) da fabricante de pás eólicas Aeris Energy, realizado ontem (11), o mercado espera já para os próximos meses ao menos mais duas ofertas públicas iniciais de ações: a da Companhia de Água e Esgoto do Estado (Cagece) e a de uma empresa privada. A estatal já fez seu registro de abertura no fim do ano passado, mas suspendeu o processo em julho, em meio à pandemia no Estado.

Saiba quais são as empresas cearenses listadas em Bolsa de Valores

“Esse grande volume de IPOs é uma tendência de momento. E o empresário cearense, que é muito antenado, está aproveitando. Em meados do próximo ano, teremos um novo IPO”, diz Sérgio Melo, consultor empresarial, sem revelar o nome da empresa que está se preparando para a abertura. “Para quem tem capacidade, este é o momento de buscar o mercado de capitais, porque é uma onda que está passando”, diz.

Entre os fatores que vêm estimulando essa onda de IPOs, Sérgio Melo destaca, principalmente, a queda das taxas de juros. “Enquanto esse ciclo de juros baixos permanecer, esse movimento vai continuar”.

A queda dos juros fez com que os investidores tivessem que assumir mais riscos em busca de rentabilidade fora das aplicações de renda fixa, aumentando a exposição no mercado de renda variável. E o forte aumento da demanda por esses ativos possibilitou a muitas empresas uma nova fonte para captar recursos, fomentando os processos de IPOs. “As altas taxas de juros desmotivava os investidores a buscar o mercado de capitais. Mas o atual contexto fez com que houvesse uma demanda muito grande por papéis. E é por isso que estamos vendo empresas que no passado recente não tinham nenhum estímulo em buscar a abertura de capital fazerem IPO”, diz.

Ceará

Em 2004, a empresa gaúcha Grendene, que já havia mudado sua sede para o Ceará na década de 1990, abriu capital. Dois anos mais tarde, em 2006, foi a vez da M. Dias Branco, primeiro grupo privado genuinamente cearense a ingressar no mercado de ações, que hoje é líder nacional no segmento de massas e biscoitos. O sucesso da operação acabou abrindo as portas para que, mais de dez anos depois, os grupos Hapvida (2018), Arco Educação, do Grupo Ari de Sá (2018), e Pague Menos (2020) lançassem ações.

“Usar o mercado de capitais na estrutura de financiamento das empresas é um passo adiante na gestão. Mas, mesmo com essa liderança no Nordeste, ainda é um número reduzido de empresas diante do potencial que temos. Precisamos encontrar um caminho para que pequenas e médias empresas também possam ter acesso ao mercado”, diz o economista Lauro Chaves, conselheiro federal de economia e professor da Uece.

“Acredito que, assim como ocorreu no caso da Aeris, teremos outras empresas do complexo do Pecém no mercado de capitais”. Das empresas cearenses listadas, apenas a Arco Educação não é negociada na B3. A empresa optou por lançar suas ações na bolsa eletrônica Nasdaq, segunda maior bolsa do mundo, sediada em Nova York.

Novos IPOs

Além da Cagece, a varejista baiana Le Biscuit também está na fila para fazer seu IPO, aguardando o melhor momento para a abertura. “Temos visto o aumento do número de empresas do Nordeste na fila de IPOs, com isso esperamos que a Região, que tem uma economia superdiversificada, aumente a sua participação no mercado de ações”, diz Leonardo Barbosa Resende, gerente de Relacionamento com Empresas da B3.

“Acreditamos que ainda há várias empresas que podem abrir capital. Já superamos a marca de três milhões de investidores em renda variável no País, com o Nordeste se destacando, com mais de 350 mil investidores. Então, isso torna natural que mais companhias busquem oportunidades no mercado de capitais”, diz Leonardo Barbosa.

No dia 13 de outubro, o Grupo Mateus, do Maranhão, realizou a maior abertura de capital do ano, movimentando R$ 4,6 bilhões, superando o IPO do grupo Hapvida, em abril de 2018, que até então era maior do Nordeste, com um volume de R$ 3,4 bilhões. A empresa cearense, no entanto, segue como maior companhia da Região, com valor de mercado de R$ 51 bilhões. Das mais de 400 empresas listadas na B3, apenas 17 estão no Nordeste.

Brasil

Após uma década de estagnação, o ano de 2020, mesmo diante da crise provocada pelo coronavírus, registrou um crescimento significativo de IPOs. Até outubro, já foram investidos mais de R$ 78,2 bilhões entre IPOs e follow-ons (emissão de novas ações por empresas listadas), e a estimativa da B3 é que o valor passe os R$ 89,5 bilhões registrados em 2019, ficando atrás apenas dos R$ 149,2 bilhões movimentados em 2010.

Diário do Nordeste

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