Análise: Campos Neto libera Copom do compromisso de reduzir Selic em 0,5 ponto

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Em evento no FMI, presidente do BC diz que incerteza é bem maior agora

O presidente do Banco Central praticamente liberou o Copom do compromisso de reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual na próxima reunião em Maio.

“Há mais incerteza agora do que no último encontro”, disse Roberto Campos Neto em evento promovido pela XP durante a reunião de primavera do FMI em Washington.

Se a falta de previsibilidade persistir alta, sinalizou Campos Neto, pode atrapalhar o plano assumido pelo Comitê em março.

A piora do cenário externo é obvia, mas era esperada de certa forma.

O susto com o comportamento da inflação nos Estados Unidos não aconteceu só agora.

Há pelo menos três meses que a expectativa para o início do corte de juros pelo FED sofre ajustes.

De novo, e relevante, é o risco de o BC americano nem conseguir reduzir a taxa em 2024. Isto já foi suficiente para impulsionar o dólar no mercado internacional.

Aqui no Brasil, o câmbio disparou e estacionou acima dos R$ 5.

A novidade que se impôs à estratégia do BC veio do Brasil mesmo.

A mudança da meta fiscal e toda dúvida levantada sobre a credibilidade do arcabouço de Fernando Haddad caiu no colo de Campos Neto como uma batata quente que não foi ele quem botou para assar.

Com alguma delicadeza, certamente em deferência ao ministro da Fazenda com quem tenta manter proximidade, o chefe do BC avisou que se o Brasil perder a âncora fiscal, o trabalho do Copom vai ficar mais difícil.

Já prevendo cobranças da política, Campos Neto declarou que eles não têm medo de fazer o que precisam fazer, ou seja, se a conjuntura azedar e for preciso parar de reduzir os juros, assim será feito.

Em último caso, se tudo piorar para o lado mais pessimista possível, o BC poderia ter que decidir sobre um aumento da Selic.

Não é provável, mas fica claro que não será também impossível.

A fala do chefe do BC provocou alta nos juros de curto prazo e uma onda de revisões para a taxa final de juros em 2024.

Várias casas financeiras subiram a Selic terminal depois do ciclo de redução em curso.

Quem apostava que a taxa chegaria a 8% está voltando para casa dos 9% com viés de alta.

Roberto Campos Neto tem repetido que não há relação mecânica entre a taxa de juros dos Estados Unidos e a brasileira.

Assim também com o fiscal, ou seja, a mudança na meta não vai, necessariamente, forçar alteração de rumo do Copom imediatamente.

O impacto precisa aparecer nas expectativas dos agentes econômicos e nos dados de inflação e atividade.

Até o próximo encontro do Comitê, em três semanas, muita coisa pode acontecer. Inclusive nada.

Fonte: CNN Brasil

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