Lira interrompe sessão depois de PEC passar em 1º turno na Câmara

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Deputados aprovaram texto-base da proposta que turbina benefícios em ano eleitoral com 393 votos a favor e 14 contra.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira, 12, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) “Kamikaze”, que concede uma série de benefícios sociais a menos de três meses das eleições e decreta estado de emergência no País. Foram 393 votos a favor e 14 contra.

A sessão foi interrompida antes que os deputados pudessem analisar os destaques (sugestões de mudanças no texto principal), além da votação em segundo turno. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), suspendeu a sessão alegando problemas técnicos com a internet da Casa. A PEC voltará a ser discutida hoje pelos parlamentares.

Articulada pelo Palácio do Planalto com a base governista no Congresso, a PEC aumenta o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 por mês, zera a fila do programa, concede uma “bolsa-caminhoneiro” de R$ 1 mil mensais e um auxílio-gasolina a taxistas de R$ 200, entre outras medidas. O custo do pacote é de R$ 41,25 bilhões, que vão ficar fora do teto de gastos (a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação do ano anterior).

Durante a votação em plenário, Lira fez um apelo para que os deputados fossem votar e determinou falta administrativa a quem deixasse de comparecer. Os líderes partidários alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram o dia tentando mobilizar seus parlamentares para a votação.

Para ganhar tempo, Lira pautou primeiro a PEC que cria um piso salarial da enfermagem. A estratégia foi realizar apenas a primeira votação da proposta para os enfermeiros e deixar o segundo turno para depois da “PEC Kamikaze”. Como o piso salarial é uma matéria de consenso, os governistas apostaram na manutenção do quórum ao longo da votação do pacote de benesses do governo.

Na última quinta-feira, 7, Lira já havia mandado a PEC ao plenário após aprovação em comissão especial. Depois, contudo, o deputado decidiu adiar a votação. Com a base desmobilizada, o Palácio do Planalto passou a temer que a oposição conseguisse derrubar a decretação do estado de emergência. O mesmo temor surgiu ontem.

INTERNET

Concluída a votação em primeiro turno da “PEC Kamikaze”, Lira anunciou a suspensão da sessão, falando em problemas com o funcionamento da internet. Ele afirmou que pediria à Polícia Federal (PF) e ao Ministério da Justiça que investigassem o problema. “A apuração será rigorosa e dura com essa coincidência na Câmara dos Deputados”, disse.

Segundo o presidente da Câmara, dois servidores de internet caíram ou “foram cortados” ao mesmo tempo durante a votação. Na visão dele, o problema tecnológico é “grave” e “não é usual”. O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), chegou a falar em “fraude” e “ataque à democracia”, mas Lira negou que a votação no painel do plenário ainda em primeiro turno tivesse sido afetada.

Aprovada no Senado em 30 de junho, a PEC teve sua tramitação acelerada na Câmara por meio de manobras regimentais. O governo tem pressa para pagar as benesses, que são vistas pela campanha de Bolsonaro à reeleição como uma forma de alavancar sua popularidade.

Fonte: O Povo

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