Fusão de ministérios é vista com cautela por líderes empresariais

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Por Bruno Cabral


 


Fim de Pastas que tratam exclusivamente de alguns setores produtivos foi anunciado pela equipe de transição montada pelo presidente Bolsonaro


Embora a redução de ministérios proposta pelo presidente eleito Jair Bolsonaro seja vista com bons olhos pelo setor produtivo, a maneira como será posta em prática é motivo de dúvidas entre representantes de algumas categorias. A criação do super superministério da Economia (junção de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior), por exemplo, poderia gerar conflito de interesses, analisa Beto Studart, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


“Durante a campanha, o candidato prometeu fazer uma redução de custos e desburocratizar, então, neste sentido, a redução de ministérios é importante”, diz Studart. “Mas, olhando pelo lado da indústria, acho que juntar esses três ministérios não é uma relação boa, porque de um lado você tem uma fonte arrecadadora de impostos (Fazenda) e do outro você tem a indústria, que demanda diminuição de impostos para ter competitividade em relação aos seus pares internacionais. Então existe um conflito de objetivo”.


Apesar disso, Beto Studart acredita que a equipe do governo eleito ainda esteja estudando de que forma fará a redução de Pastas. “Diminuir de 29 ministérios para 15, acho fantástico. Mas estamos no primeiro momento, quando as coisas são colocadas e o governo vê a repercussão”, diz. O superministério ficaria sob comando de Paulo Guedes.


Agricultura


Outro superministério, que sairia da fusão entre Ministério da Agricultura com o Meio Ambiente, também provocou reações antagônicas. Bem recebida pelo mercado, a medida foi vista com preocupação por ambientalistas, que afirmam que a decisão poderá provocar o aumento de desmatamento no País. Para Tom Prado, coordenador do Grupo Técnico de Fitossanidade da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), no entanto, a possível fusão não deverá gerar conflitos de interesses. “A gente tem que pensar no nosso objetivo. O País tem que ter competitividade e, ao mesmo tempo, respeitar a legislação e as regras internacionais. Isso ser feito com um ministério em conjunto não vejo como prejudicial”, avalia.


Varejo


Sobre a redução de ministérios, Honório Pinheiro, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza e ex-presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) acredita que a iniciativa trará benefícios ao País, mas que o processo deve ser feito com cautela.


“O Estado tornou-se muito oneroso e precisa ser reduzido. O que resta saber é como fazer isso para que não deixe de funcionar. Mas acredito que dá para reduzir bastante”, afirma.