Artigo | Desemprego: um drama social

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Com o título “Desemprego: um drama social”, eis artigo de Francisco Wildys Oliveira, economista e especialista em Direito Tributário e doutorando em Administração Pública. Em seu texto ele diz que, a curto prazo, as projeções quanto ao futuro da retomada do crescimento econômico não são nada animadoras. Confira:


Desemprego: um drama social


Quando a válvula mitral do coração de meu pai apresentou problema, ele foi obrigado, por recomendação médica, a ir para reserva. Mas, precisando complementar a renda familiar (éramos seis), não deixou de trabalhar. Eram tempos difíceis e ele nem sempre conseguia emprego.


Após seu falecimento em 1986, quando me lembro seu semblante triste por estar desempregado, me vem à lembrança a canção de Gonzaguinha: “… seu sonho é sua vida e vida é o trabalho//E sem o seu trabalho, o homem não tem honra//e sem a sua honra, se morre, se mata//Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz…”


O desemprego talvez seja o aspecto mais dramático da crise econômica que se abate sobre o País desde 2015 (só na construção civil, segundo a Fiesp, foram 1 milhão de postos de trabalho eliminados). O trabalho humano é o fator que verdadeiramente gera riqueza.


No entanto, a curto prazo, as projeções quanto ao futuro da retomada do crescimento econômico não são nada animadoras. Esta semana os analistas econômicos jogaram uma ducha d’água fria na esperança dos desempregados. Para quem acreditava que a economia reagiria com a melhoria do perfil das contas públicas, está decepcionado. As dificuldades de articulação do governo no Congresso fizeram com que a previsão da taxa de crescimento para 2019, que antes era de 2,4% do PIB, caísse para 1%. O Brasil saiu da lista dos 25 países com melhor ambiência para negócios e alguns analistas já apontam que o clima é de depressão econômica.


O drama do desemprego é desesperador pois não são apenas 13 milhões de desempregados. São quase 28 milhões de pessoas (13 milhões a procura de emprego, 10 milhões que gostariam de trabalhar mais para complementar a renda e mais 5 milhões de desalentados que perderam a coragem de procurar emprego).


A face cruel do desemprego resulta em desintegração das famílias. Quando um pai de família fica desempregado por 2/3 anos, ele perde o respeito de sua família. Seu filho não acredita mais que ele esteja procurando emprego e sua mulher vive dificuldades gigantescas. É o começo da destruição da célula que forma o tecido da sociedade, com todas as consequências nefastas dela decorrentes.


*Francisco Wildys de Oliveira


fcowildys@uol.com.br


Economista e especialista em Direito Tributário e doutorando em Administração Pública.