Artigo | “Alfabetização ecológica: bússola existencial”, por Luiz Carlos Diógenes

259

A crise ecológica planetária, motivo de reiteradas e permanentes reuniões políticas dos Estados nacionais, é uma crise de percepção, da visão de mundo antropocêntrica

A Fundação Sintaf de Ensino e Pesquisa, na transição da era antropocêntrica à era ecocêntrica, lança a semente do projeto “Alfabetização ecológica: bússola existencial para uma humanidade à deriva”. Os novos paradigmas científicos, nucleados nas ciências da vida e da natureza, além de científicos, são também paradigmas existenciais, sociais, afetados pela teoria da complexidade, pela racionalidade ecológica, pela visão transdisciplinar necessária à compreensão dos fenômenos emergentes na teia da vida.

Permitir aos humanos o autoconhecimento, através de uma escola ecopedagógica que alfabetize, ecologicamente, crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, é o foco do projeto, a culminar na compreensão científica da natureza humana. Estágio suficiente para uma nova percepção de mundo, em compatibilidade ética e epistemológica com os valores morais e científicos da era ecológica. Não se cura um mal com a teoria e a prática que o causa. Como querer fechar uma ferida aberta com o mesmo instrumento que a gerou?

A crise ecológica planetária, motivo de reiteradas e permanentes reuniões políticas dos Estados nacionais, é uma crise de percepção, da visão de mundo antropocêntrica, concebida e propalada como única e verdadeira.

Do Estado liberal ao Estado social, apregoaram-se direitos de cidadania aos seres humanos. A bússola existencial girou no eixo de uma pedagogia humanista, anunciadora do respeito ao mínimo da dignidade humana, universalidade negada. Com o advento do Estado socioambiental, a universalidade, sentida e vivida, afirma-se na crise ecológica agônica, insustentável à humanidade. A bússola existencial passa a girar no eixo da pedagogia ecológica, focada na formação de um novo ethos, uma nova moral para uma nova cidadania.

Alfabetização ecológica é autoconhecimento, a partir do conhecimento da realidade autopoiética ecossistêmica planetária, penetrada pelos novos paradigmas, tanto científicos quanto sociais, norteadores do ethos ecológico, do cidadão planetário. O ser humano, natureza que resolve tomar consciência de si mesma, estar desafiado a conhecer como se conhece, se autoconhecendo.

Fonte: O Povo

1 COMENTÁRIO

  1. Admirável o artigo do nosso colega Luiz Carlos. Denso, abrangente e compreensivo da realidade existencial do homem contemporâneo, explorador predatório do nosso planeta, inclusive de todos os seres vivos que têm tanto direito de evoluir e estar aqui quanto nós.
    Luiz Carlos não se acomodou com o passar do tempo, e continua estudioso, pesquisador e extremamente atualizado quanto aos problemas fundamentais da Humanidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here