O presidente da Câmara questiona o papel que tem assumido para convencer parlamentares a aprovar a impopular medida
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem demonstrado insatisfação em relação às reuniões sobre a reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). O parlamentar, inclusive, tem mudado o tom na defesa da proposta. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Maia acredita que há uma desorganização no Palácio do Planalto causada por disputas entre a Casa Civil e a Secretaria de Governo em relação às funções políticas de cada uma. Além disso, o presidente da Casa critica a ausência de lideranças do governo capazes de atender aos deputados. Nesse cenário, o parlamentar questiona o papel que tem assumido para convencer parlamentares a aprovar a impopular reforma da Previdência.
Em reunião com um grupo mais próximo de deputados, realizada na residência oficial da Câmara nessa terça-feira (19/3), Maia citou a frustração com o presidente. A reunião foi pautada por críticas à falta de articulação do governo. No grupo, é unânime a visão de que a base de Bolsonaro é formada apenas pelo próprio partido, o PSL. Mesmo assim, a sigla defende mudanças na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) enviada ao Congresso no mês passado.
A mudança de postura de Maia ficou visível até nas declarações dadas à imprensa sobre a reforma. Anteriormente, o presidente da Câmara costumava declarar que a proposta é necessária para o equilíbrio das contas públicas. Integrantes do governo não adotam a mesma postura, nem mesmo Bolsonaro.
Ao perceber a falta de popularidade do tema, Maia passou a dar declarações mais realistas. Na segunda-feira, disse que o Parlamento não tem “320 liberais”, numa referência à quantidade de congressistas dispostos a votar a favor da PEC. Segundo ele, o convencimento dos parlamentares será uma “construção”.
No almoço de terça-feira, com a presença de líderes e deputados de legendas, como PP, PSD, MDB, DEM e PR (partidos responsáveis pela reeleição), os parlamentares decidiram que vão pressionar o governo por alterações no decreto que cria novas regras para a nomeação de cargos de confiança, conhecidos como DAS e PCDE. Para eles, a medida deve ter validade apenas para indicações feitas a partir de 1º de janeiro. Caso isso não aconteça, eles articularão a aprovação de um projeto para mudar a data de vigência do decreto.