Livrarias abriram espaço neste Natal para os seus clientes expressarem o seu amor aos livros. Pequenos recadinhos são expostos nas paredes em post-its. Algo simples, despretensioso e com muito significado, principalmente em um momento de fechamento de lojas e de recuperação judicial de empresas.
A iniciativa é importante como campanha para valorização do livro e abre espaço para uma reflexão: é preciso também expressar amor às livrarias? É entristecedor passar por prateleiras vazias, sem reposição de estoques, ouvir vendedores dizendo: “este é o último exemplar”, acentuando a palavra “último”.
Segunda-feira, véspera de Natal, compradores de última hora tentavam achar alguma coisa nestes espaços. Pontos de encontros, contações de histórias, palestras, debates, e cafés, as livrarias possuem diversas funções, além da venda do livro.
E fica a pergunta: o que acontece com o setor neste novo momento de concentração e enxugamento? Os problemas de gestão, baixo índice de leitura e a concorrência on-line seriam as únicas justificativas para as dificuldades?
Existe o risco de um grande colapso nesse setor com o processo de recuperação judicial das duas maiores redes livrarias no País, Cultura e Saraiva (ambas respondem por cerca de 40% do segmento). No mercado, a informação que circula é de que as dívidas das duas redes seriam de quase R$ 1 bilhão.
Embora existam outras redes menores, o Brasil deve terminar o ano com aproximadamente 600 livrarias no País.
Enquanto isso, segundo dados de 2014, a cidade de Buenos Aires, sozinha, reunia cerca de 730 livrarias.
IMPACTO DA RECESSÃO
A venda online é apontada como uma das causas para a falência de grandes empresas, com margens menores de ganhos em função da competição por preços, com descontos considerados predatórios.
No Brasil, o quadro de recessão, a política acirrada de preços e os problemas de gestão tornaram a situação insustentável; mas ainda há possibilidades de saídas, com a entrada de novos investidores.
Também é importante ressaltar que existem redes de lojas de livros crescendo nesse universo de mudanças no modelo de negócio.
Fonte: Coluna Leila Fontenele | O Povo