Proposta de Bolsonaro para reforma corre risco de ser engavetada

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Bolsonaro e ministros tentam reverter a piora das expectativas com a reforma


Agência Brasil


Na próxima semana, o Governo Bolsonaro deve enfrentar uma rebelião no Congresso. Há um movimento crescente de parlamentares descontentes para desfigurar a proposta do Planalto para a reforma da Previdência, com potencial de avolumar críticas à falta de articulação política dos governistas em um momento de dificuldades do presidente com denúncias envolvendo sua família.


Em mais um embate com o Governo, um grupo de deputados, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu apresentar um novo projeto de reforma da Previdência, abandonando o texto enviado em fevereiro passado pelo presidente.


Segundo o presidente da Comissão Especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), a decisão foi tomada na última quinta-feira, em reunião na casa de Maia, da qual participaram líderes de partidos do grupo conhecido como Centrão.


Segundo Ramos, a decisão de apresentar um substitutivo ao projeto enviado pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, tem conotação basicamente política, levando em consideração a relação completamente desgastada entre o Legislativo e o Executivo. “Este é um Governo que desconsidera completamente o Parlamento”, afirmou.


Relator


Para o deputado, apresentar um novo projeto é a única chance de a reforma da Previdência ser aprovada. “Essa é uma reforma muito importante para o País, fundamental, e não podemos correr o risco de não ser aprovada porque o deputado antipatiza com o Governo Bolsonaro”, afirmou.


Não há ainda, segundo Ramos, um projeto definido para ser apresentado. Segundo ele, isso ainda será discutido a partir da próxima semana. “Mas há alguns projetos no Congresso que podem servir de base”. Ele deixou claro, no entanto, que o substitutivo terá de ser apresentado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que é o relator do projeto na Comissão Especial da Previdência.


Expectativas


O Governo tenta reverter o processo de deterioração das expectativas do mercado com a agenda econômica de Bolsonaro e as recentes derrotas políticas no Congresso. Cada vez mais, configura-se uma piora das previsões dos bancos sobre os riscos de fracasso da tramitação da reforma.


 


Guedes tenta alimentar o tom de otimismo. Nesta sexta-feira, ele disse que a aprovação da reforma da Previdência nos próximos dois meses fará com que o Brasil chegue ao segundo semestre com “outra expectativa de crescimento”. “O crescimento não está caindo, o que está caindo são as expectativas de crescimento, que estavam altas”, afirmou.


‘Conchavos’


Maia não quis comentar o texto publicado nesta sexta-feira em grupos de WhatsApp por Bolsonaro, no qual um autor desconhecido afirma que no Brasil é impossível de governar sem conchavos. Questionado sobre o motivo de Bolsonaro ter divulgado o texto, o presidente da Câmara limitou-se a dizer: “Pergunta pra ele”.


Em evento do setor da construção civil, Maia chegou a criticar as redes sociais, dizendo que se ficar olhando rede social não aprova a Previdência. “Estou preocupado com a agenda da Câmara”.


Na próxima semana, um grupo de deputados vai discutir a ideia de apresentar um novo texto para a reforma da Previdência, abandonando o projeto de Jair Bolsonaro. O movimento reflete o clima de insatisfação no Congresso com o Executivo


Defesa da proposta


O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou, nesta sexta-feira, que o Governo Bolsonaro vai continuar defendendo integralmente a proposta de reforma da Previdência enviada ao Congresso Nacional em fevereiro


Audiência pública


Na próxima terça- feira (21), a partir das 14h30, a Comissão Especial da Reforma da Previdência (PEC 6/19) vai realizar uma audiência pública para debater os benefícios de Prestação Continuada e do Abono Salarial