Projeto anticrime de Moro é fatiado e CAIXA DOIS fica separado devido à reação de políticos

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BRASÍLIA – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, confirmou nesta terça-feira que a tipificação do crime de caixa dois será apresentada em projeto específico. O tema, que fará parte do pacote anticrime a ser enviado nesta terça-feira ao Congresso , foi separado do projeto original por conta da reação de políticos.


— Inicialmente, iríamos apresentar um único projeto. Vieram reclamações. Alguns políticos se sentiram incomodados de isso (crime de caixa dois) ser tratado junto com corrupção e crime organizado. Fomos sensíveis. Colocamos separado, mas será apresentado junto (com o pacote). O governo está atendendo reclamações que são razoáveis — disse Moro, em entrevista à radio CBN.


Moro afirmou que o Congresso terá condições de discutir suas propostas ao mesmo tempo em que trata da reforma da Previdência. Ele admitiu que a Previdência tem prioridade, mas defendeu que há condições de o tema vinculado ao combate da impunidade ser também debatido pelos parlamentares.


— O projeto anticrime resgata confiança no Congresso e isso pode ajudar a impulsionar a reforma da Previdência. São pautas necessárias. Não tenho dúvida que a Previdência tem prioridade, mas as duas coisas podem ser tratadas ao mesmo tempo.


Segundo Moro, “governos anteriores” não enfrentaram como deveriam os casos de corrupção que eclodiram recentemente.


— O que minou a credibilidade dos governos anteriores foi que diante de todos os escândalos, praticamente nada foi feito em relação à corrupção. Governos agiram como um avestruz colocando cabeça de baixo da terra.


O ministro preferiu não fazer previsões sobre quando sua proposta será aprovada no Congresso, mas defendeu que o projeto será votado “a curto prazo”.


— Seria temerário fazer prognóstico de quanto tempo o Congresso vai levar (para aprovar). O que vamos fazer é estabelecer uma relação e temos as portas abertas para conversar com os deputados.


PSL


Perguntado sobre a investigação de supostos candidatos laranjas do PSL na eleição de 2018, partido do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça afirmou que não vai se envolver em casos concretos e que a Polícia Federal tem independência da trabalhar. Na semanam passada, ele havia afirmado que estava sendo cumprida a orientação de Bolsonaro para que eventuais repasses suspeitos fossem apurados.


Moro voltou a dizer que há uma investigação preliminar em curso. Indagado se o ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretária-Geral) e o ministro Álvaro Antônio (Turismo) estão sob investigação, desconversou:


—  Existem apurações preliminares. Seria prematuro da minha parte fazer juízo de valor a respeito.