Presidentes da Câmara e do Senado do Chile reagem a frase de Onyx sobre 'banho de sangue'

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Parlamentares consideraram declaração ‘profundamente inamistosa’ e uma ofensa às vítimas da ditadura de Pinochet


Janaina Figueiredo


 


SANTIAGO – Os presidentes das duas Casas legislativas do Chile reagiram fortemente às declarações do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que elogoiu “as bases macroeconômicas” fixadas na ditadura Pinochet (1973-1990) ao defender a necessidade de uma reforma da Previdência no Brasil.


Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira, Onyx afirmou que Pinochet “teve que dar um banho de sangue” nas ruas do país, o que classificou como “triste”.


Ivan Flores, presidente da Câmara de Deputados do Chile, afirmou que as declarações de Onyx são “um desatino sem paralelo” e uma grave ofensa às vítimas da ditadura de Pinochet.


— A menção deste porta-voz do presidente Bolsonaro, um personagem importante do governo brasileiro, a um “banho de sangue” no Chile é uma afronta a todas as pessoas que perderam familiares, a todos que sofreram com as violações de direitos humanos — disse Flores.


O parlamentar acrescentou que não acreditava “ter experimentado algo parecido” antes.


— As declarações não têm justificativa alguma e merecem a condenação mais enérgica. Não sei se ele [Onyx] tentou reforçar declarações antigas de Bolsonaro — comentou.


‘Ofendem o país inteiro’


Jaime Quintana, o presidente do Senado chileno, classificou as declarações do ministro como “profudamente inamistosas”.


— Não me lembro de declarações assim de um governo cujo mandatário pisou em solo chileno. Elas ofendem não só as vítimas das violações de direitos humanos, mas o país inteiro — disse Quintana.


Os dois chefes parlamentares disseram que recusariam qualquer convite para participar de um almoço em comemoração ao aniversário de Bolsonaro (que completou 64 anos nesta quinta-feira), durante a visita do presidente ao Chile, onde ele desembarcou há pouco.