Oposição pede saída de ministro durante depoimento de jornalista

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A oposição aproveitou nesta terça-feira, 25, a presença do jornalista Glenn Greenwald, editor e fundador do site The Intercept Brasil, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, para pedir a demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e defender a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por ele quando juiz da Lava Jato.


A bancada do governo tentou esvaziar a sessão ao não se inscrever para falar. O jornalista foi convidado a se manifestar sobre a publicação de supostas mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato extraídas do aplicativo Telegram. Nelas, teriam combinado o passo a passo da investigação.


Com a ausência da bancada pró-Moro, Glenn foi mais elogiado do que questionado. Os petistas, na maioria das vezes, tentaram usar a revelação como justificativa para o pedido de liberdade de Lula. Nesta terça, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal negou o pedido de liberdade do petista. “O juiz Moro violou o ordenamento jurídico brasileiro, violou a nossa Constituição Federal e comandou uma operação política que tinha como objetivo chegar ao poder”, disse o líder do PT, José Guimarães (CE).


A deputada Policial Katia Sastre (PL-SP) questionou Greenwald sobre uma suposta negociação para que seu companheiro, Davi Miranda (PSOL-RJ), assumisse o mandato do ex-deputado Jean Wyllys, que renunciou antes de assumir a vaga para a qual foi eleito. “Quem deveria ser julgado e sair daqui preso pelo crime teria que ser o jornalista que cometeu um crime com o hacker”, afirmou a deputada. O The Intercept Brasil sustenta que recebeu o material de fonte anônima. A Polícia Federal investiga ataque de hacker aos telefones de Moro e de procuradores.


O clima esquentou quando o deputado José Medeiros (Podemos-MT) questionou o jornalista sobre seu “parceiro sexual”. Greenwald respondeu que é casado com Davi Miranda e lembrou que homofobia é crime. O termo foi retirado das notas taquigráficas.


Aos deputados, o jornalista voltou a afirmar que as supostas mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato mostram que houve “conluio”, o que é vedado pela Constituição. “O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele (Moro) está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Vai ter muito mais material ainda”, afirmou. Em entrevista ao Estado, o ministro disse não reconhecer a autenticidade das mensagens.


‘Punição’


Greenwald defendeu o sigilo a fonte como um fator inalienável e criticou o comportamento do ministro quando era juiz federal. Disse que “é impossível o combate à corrupção com comportamento corrupto” e que, em outros países do mundo, Moro iria sofrer sanções. “Nos Estados Unidos é impensável um juiz fazer o que foi feito. Se um juiz fizer uma vez o que Sérgio Moro fez durante cinco anos, vai sofrer muita punição”, afirmou.


O jornalista, que é americano, se queixou da tentativa dos adversários de desqualificá-lo, chamando-o, de estrangeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


AGÊNCIA ESTADO