Artigo: “Rousseau – cidadão ecológico planetário”, por Luiz Carlos Diógenes

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A hipótese de Gaia, sistema vivo, remete a um nível de consciência cidadã enleada à rede ecossistêmica de vida planetária

Na semana dedicada ao meio ambiente ninguém passa impune! No resto do ano, pegadas antiecológicas se apagam na consciência ética de uma cidadania, anquilosada e extemporânea.

A Fundação Sintaf de Ensino e Pesquisa promove seminário, 7 de junho no auditório da Sefaz-CE, com o claro objetivo de levantar reflexões críticas, sugestivas, à formação cidadã ecológica planetária.

Um diálogo da Administração Pública cearense, da esfera fazendária à esfera ambiental, sob olhar de preocupação e responsabilidade socioambientais. O mar português “pessoano”, na visão do poeta, une e não separa continentes.

A hipótese de Gaia, sistema vivo, remete a um nível de consciência cidadã enleada à rede ecossistêmica de vida planetária. A ação dos seres vivos, nos fios desta teia, repercute no equilíbrio dinâmico do complexo ecocêntrico, tornando-os cidadãos planetários ecológicos. Portadores de consciência racional, os humanos, além de sentir, podem também compreender a verdade deste todo autopoiético.

Os grãos de areia do deserto do Saara levantam-se e voam no vento harmatão, tal qual um bando mineral de minúsculas aves, atravessando o oceano, a fim de fertilizarem de fósforo a carência do solo amazônico, enquanto outro bando vai alimentar os plânctons no Mar do Caribe, como descreve Laurentino Gomes, em Escravidão.

Jean-Jacques Rousseau, seminal às ciências humanas, ergueu o princípio da igualdade, entre seres humanos, como possibilidade, ainda perseguida, de vida social democrática sustentável. “O Contrato Social” e “Emílio”, sobretudo, levaram-no ao exílio da condenação política e moral, no iluminado século XVIII.

No colo da Mãe Natureza, desprendeu-se dos laços da longeva Era Antropocêntrica, prenunciando a Era Ecocêntrica, anunciada pelos revolucionários paradigmas científicos, a partir da segunda metade do século XX.

Ciências da vida e da Natureza fundamentam a luta ético-política da sustentabilidade socioambiental. E Rousseau, fragmento da Natureza, encontrou-se, encontrando o princípio da cidadania ecológica. Legou para a posteridade “Os devaneios do caminhante solitário”, atestado identitário de cidadão ecológico planetário. n

Fonte: O Povo

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