Hidrogênio Verde: estão chegando más notícias

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Grandes empresas europeias de energia estão cancelando projetos de geração eólica offshore (dentro do mar). Isto interessa ao Ceará e aos cearenses, que têm plano de um Hub do H2V no Pecém

São pessimistas as últimas informações que chegam do exterior a respeito da geração de energia eólica offshore (dentro do mar). É algo que interessa ao Ceará e aos cearenses, uma vez que há em curso um projeto, liderado pelo Governo do Estado em parceria com a Federação das Indústrias (Fiec) e com a Universidade Federal do Ceará (UFC), para a implantação de um Hub de Hidrogênio Verde na área da Complexo Industrial e Portuário do Pecém, cuja produção terá de ser processada por meio do uso de energias renováveis, incluindo a eólica offshore.

Revelam essas informações que as três maiores empresas mundiais do setor de energia eólica – a alemã Siemens, a sueca Orsted e a dinamarquesa Vestas, esta com fábrica de turbinas em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza – apresentaram elevados prejuízos nos seus balanços financeiros de 2023.

Esses prejuízos foram causados pela elevação dos juros entre 2022 e 2023 e pelo aumento dos custos de instalação das torres e das turbinas no meio das águas do mar. Diante dos prejuízos, as três empresas decidiram cancelar novos projetos, dedicando-se, somente, aos que se encontram em andamento.

A Siemens informou que está projetando, neste ano, um prejuízo de US$ 2 bilhões para a sua empresa subsidiária de energia eólica.

Por sua vez, a Orsted, decidiu abandonar os projetos de energia eólica offshore que pretendia implantar na Espanha, na Noruega e em Portugal.

E a gigante Vestas anunciou que, mesmo tendo obtido lucro em 2023, não pagará dividendos em 2024 aos seus acionistas.

Na Europa, empresas fabricantes de equipamentos para usinas eólicas onshore e offshore tiveram de elevar seus preços para fazer face ao aumento do custo dos insumos, entre os quais o aço.

Também cresceram, e muito, os custos de construção das embarcações especializados no transporte e na instalação das torres eólicas dentro do mar. Somado à inflação, que subiu também, isso tudo levou à inundação das planilhas das empresas desenvolvedoras de projetos offshore.

O Reino Unido, que tem em operação os quatro maiores parques eólicos offshore do mundo, pediu propostas para a implantação de projetos que elevem dos atuais 13 GW para 50 GW até 2030 a sua geração de energia dentro do mar. Nenhuma empresa mostrou interesse, alegando que era baixo o preço de US$ 55 por MWh. E aí o governo britânico decidiu que, no próximo leilão, esse preço será de US$ 91 por MWh.

Esse conjunto de más notícias alegra, com certeza, o poderoso lobby das empresas e dos empresários que, aqui no Brasil, luta para que atrase, ainda, mais, o esforço pelo início de instalação dos projetos de geração eólica offshore.

O discurso desse lobby é o de que ainda há espaço e vento no continente suficientes para que se amplie a geração eólica onshore (em terra firme), antes que se façam investimentos em empreendimentos marinhos. O discurso é verdadeiro e ganha mais força quando confrontado com as dificuldades políticas que a geração eólica offshore, ainda sem regulação definitiva, enfrenta em Brasília.

O Poder Executivo decidiu, com a aprovação do Legislativo, que será a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) que regulará e fiscalizará a atividade de geração de energia eólica offshore. Ora, a ANP é, como o seu nome diz, um organismo especializado em regular e fiscalizar tudo o que diz respeito às energia fósseis. Não é o caso da eólica onshore ou offshore, um presente da natureza, gratuito, pois gerada pelo vento, da mesma maneira que a solar.

Conclui-se que o petróleo e seus derivados ainda darão as cartas por mais tempo ainda não só no Brasil, mas no resto do mundo, notadamente pela possibilidade de flexibilização dos preços do barril em contraposição à ameaça do H2V como a nova matriz energética.

Atentem para o fato de que a Petrobras está aumentando, e muito rapidamente, sua produção de petróleo na área do pré-sal ao mesmo tempo em que celebra parcerias com gigantes mundiais do setor com o mesmo objetivo.

Em tempo: o Hub do H2V do Pecém não precisará, pelo menos até 2030, de energia eólica offshore. Até lá ou por mais tempo ainda, terá à sua disposição os projetos eólicos onshore já instalados ou em instalação no Ceará e nos demais estados do Nordeste.

Fonte: Diário do Nordeste

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