Greenwald diz que se fosse nos EUA Moro teria sido afastado da magistratura e ficaria proibido de advogar

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Editor do Intercept Brasil classificou de chocante suposta colaboração secreta entre Moro e Deltan Dallagnol


 


Jailton de Carvalho


 


BRASÍLIA – O jornalista Glenn Greenwald classificou de chocante o suposto conluio entre o ex-juiz Sergio Moro , hoje ministro da Justiça, e o procurador Deltan Dallagnol em processos da Operação Lava-Jato, especialmente no caso que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, se fosse nos Estados Unidos, Moro teria sido afastado da magistratura e, depois, não poderia nem mesmo advogar.


 


“-  Nos Estados Unidos (a colaboração secreta entre juiz e procurador) é impensável. Se um juiz fizesse uma única vez lá o que Sergio Moro fez aqui durante cinco anos ele perderia o cargo e seria proibido de advogar” – disse Greenwald.


 


O jornalista fez a declaração na abertura da sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara no início da tarde desta terça-feira. Greenwald também reclamou das críticas que vêm recebendo de políticos ligados ao governo Jair Bolsonaro. Ele se queixou, sobretudo, da tentativa dos adversários de desqualificar o trabalho dele chamando-o, de forma pejorativa, de estrangeiro.


O jornalista disse que mora no Rio de Janeiro desde 2005, é casado com um brasileiro e tem dois filhos adotados no Brasil.


– O Brasil é meu lar, meu único lar. O Brasil é o país do meu marido, dos meus filhos – afirmou.


Greenwald é um dos autores da série de reportagens que vem sendo publicada pela revista eletrônica The Intercept Brasil sobre mensagens entre Moro, Dallagnol e outros procuradores da Operação Lava-Jato que indicam que eles direcionaram o processo do “tríplex” contra o ex-presidente Lula. Trechos de conversas divulgadas pelo site mostram que Moro tentou incluir no processo uma testemunha contra Lula.


O ex-juiz também sugeriu a troca de uma procuradora em um dos interrogatórios do ex-presidente. Para Moro, a procuradora seria uma boa interrogadora. O ex-juiz orientou os procuradores a divulgar uma nota para rebater pontos de contradição no depoimento de Lula. Pela legislação brasileira, juizes devem se mantém equidistantes da defesa e da acusação.