Novo decreto com medidas mais severas passa a valer a partir de amanhã. Governo do Estado e Prefeitura planejam criar um “cinturão” sanitário em torno de Fortaleza, que concentra casos confirmados e óbitos pelo coronavírus
meta de Governo do Estado e Prefeitura é chegar a 70% de isolamento social em Fortaleza a partir de amanhã, quando passa a vigorar o novo decreto com medidas mais severas de enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Segundo prognósticos de autoridades sanitárias estaduais, esse índice pode assegurar redução na curva de transmissão da doença, que já infectou 12.310 pessoas e matou 849 no Ceará, a maior parte delas na Capital.
O documento, que tem validade até o dia 20/5, impõe uma série de restrições de circulação, obrigatoriedade de uso de máscaras nos espaços públicos e fixa barreiras de controle de trânsito de veículos nos limites da cidade.
Anunciadas pelo governador Camilo Santana (PT) e o prefeito Roberto Cláudio (PDT) na última terça-feira, 5, as medidas são semelhantes às determinadas no modelo de “lockdown” (bloqueio total) adotado no estado do Maranhão e prestes a entrar em vigência também em dez municípios do Pará. Os gestores cearenses, que têm evitado a palavra, referem-se às ações como um “isolamento social rígido”.
De acordo com Camilo, esse novo protocolo de saúde tem o objetivo de criar um “cinturão” sanitário em torno de Fortaleza, impedindo que o vírus se alastre para o restante do Estado, num processo de interiorização da patologia.
Caso o patamar de 70% de isolamento não seja atingido, porém, o cenário local pode confirmar as previsões mais pessimistas para a Covid-19, como a feita pelo titular da Secretaria da Saúde do Estado, o médico dr. Cabeto, segundo a qual o Ceará poderia chegar a um pico de 250 mortes por dia ainda em maio.
Hoje, ao lado do prefeito, Cabeto apresenta relatório atualizado com os números previstos para Fortaleza na hipótese de o decreto não cumprir seu objetivo, garantindo o máximo de confinamento.
Sobre o assunto:
Chefe da Casa Civil do Governo, Élcio Batista afirma que o combate à pandemia depende prioritariamente das pessoas. “A gente acredita que a população vai entender que é necessário engajamento na solução desse problema”, avalia.
Para ele, esse comprometimento social “é fundamental para que a estratégia de Governo e Prefeituras seja alcançada, com a redução de casos para liberar leitos” de UTI. A rede pública está na iminência da exaustão.
Questionado sobre como o Abolição e o Paço pretendem operacionalizar a execução de todas as medidas anunciadas no decreto, como as “blitze” de tráfego nas divisas, o secretário respondeu que “um conjunto de instituições vai estruturar uma operação de logística para que haja mais controle na cidade de Fortaleza” e que esse “plano está sendo elaborado”.
Perguntado se o “isolamento social rígido” era a medida mais contundente de que o Estado lançava mão ante um cenário de aumento exponencial de óbitos na metrópole, Batista disse que não se tratava de “uma medida extrema”.
“A mais extrema foi tomada na Europa e na China”, continuou. “É isolamento social mais rígido, mas não é extrema. Se a população aderir, a gente pode encontrar os resultados que a gente almeja.”
O POVO então quis saber se a escalada do coronavírus em Fortaleza já não requer uma solução drástica para frear a sua progressão. O titular da Casa Civil esclareceu que “os encaminhamentos foram feitos dentro do nosso contexto e orientados pelos especialistas” e que “essa é uma discussão que existe no país todo, dadas as dificuldades de fazer isso em sociedades desiguais”.