A partir de hoje, o governo federal dará início a uma pesquisa junto aos servidores espalhados pelo país para saber como estão enfrentando o trabalho remoto durante a pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, e que poderá ter repercussão internacional com a troca de experiência com outros países, como Estados Unidos, Canadá e Israel.
O lançamento da enquete está sendo feito pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e pela Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal (SGP) do Ministério da Economia, e o objetivo do estudo será apurar dados comportamentais para comparar com pesquisas internacionais. A expectativa dos gestores é de que as pessoas participem voluntariamente do processo de avaliação, que deve se estender até o fim do mês.
“Nosso objetivo é avaliar o uso de ferramentas de trabalho remoto dos servidores neste momento em que o teletrabalho vem ganhando espaço cada vez mais acelerado devido à pandemia. A ideia é obter um panorama da administração pública e do dia a dia do servidor que está trabalhando de casa”, afirmou o secretário Wagner Lenhart, titular da SGP.
Lenhart reconheceu que o trabalho remoto, em algumas funções que não exigem o contato com a população assistida pelos serviços públicos, tende a ser uma tendência. “O esforço em gestão pública ao redor do mundo é aprimorar a prestação de serviço ao público, e uma parte desse trabalho é evoluir e obter ganho de eficiência, inclusive, por meio do trabalho remoto”, disse. O secretário lembrou que a transição em algumas áreas para o teletrabalho fazia parte dos processos de modernização interna e vinha ocorrendo em uma velocidade mais lenta em alguns órgãos mas, acabou acelerando no meio da pandemia.
Conforme dados da SGP, entre 27 de abril e 1º de maio, 51% dos servidores públicos federais civis estavam trabalhando em casa e os casos confirmados de covid-19 registrados no sistema aumentaram de 317 para 487 de uma semana para outra. Esses números não incluem as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).
Mapa emocional
“Esse programa pode ser uma oportunidade para fazermos um movimento que vem ocorrendo dentro do mercado de trabalho diante dos avanços tecnológicos e como pode ser acompanhado dentro da administração pública”, afirmou o secretário. “Temos um caminho para avançar e nem todos os órgãos poderão utilizar o trabalho remoto, mas poderemos tomar as melhores decisões e auxiliar melhor a entrega dos serviços à população”, destacou. Lenhart lembrou, ainda, que a pesquisa também buscará mapear a questão da saúde e do emocional dos servidores nesse ambiente de confinamento durante a pandemia.
De acordo com o presidente da Enap, Diogo Godinho Ramos Costa, a pesquisa faz parte de um estudo conduzido mundialmente pelo Center for Advanced Hindsight (CAH) da Duke University, nos Estados Unidos, em conjunto com a Harvard Business School e a Kayma, e é liderada por Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental norte-americano, um dos principais especialistas do mundo na área. “A ideia do estudo é analisar e trocar experiências de Estados Unidos e Israel”, destacou. Segundo ele, o estudo já possui informações também de servidores do Canadá e do Reino Unido. “A participação é voluntária e serão garantidos o anonimato e a confidencialidade das informações fornecidas”, disse.
100 mil pessoas devem participar
A expectativa de Diogo Godinho Ramos Costa, presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), é de que pelo menos 100 mil servidores participem da pesquisa sobre teletrabalho no setor público. O estudo buscará identificar as melhores práticas no trabalho remoto e adotá-las em ações de treinamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sobre gestão do teletrabalho. “A Duke University (EUA) está liderando o estudo e os dados entre os países poderão ser compartilhados. Isso vai enriquecer nossas bases de dados e ajudar nos avanços das melhores práticas para o teletrabalho dentro do funcionalismo público”, disse.
Fonte: Diário de Pernambuco