Governadores expõem a Paulo Guedes preocupação com condução da reforma da Previdência

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Por Neliane Macedo


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse após o encontro que não vai apoiar mudanças que prejudiquem os mais pobres


Os governadores dos 26 estados foram recebidos nesta terça-feira (26) no Palácio do Buriti pelo governador do Distrito Federal, Ibanês Rocha(MDB), para discutir a proposta de reforma da Previdência do Governo Bolsonaro (PSL) e medidas para a recuperação fiscal dos estados. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que não compareceu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, foi ao encontro dos gestores estaduais. Segundo governadores, foi colocada ao ministro a preocupação política com a condução da reforma da Previdência.


Os governadores também debateram com Paulo Guedes sobre um novo Pacto Federativo, a lei da securitização das dúvidas dos estados e sessão onerosa do petróleo, mas o foco foi a reforma da Previdência, defendida pelo Palácio de Planalto como ponto de partida para a retomada do  crescimento do País.


O governador Camilo Santana saiu do encontro sem dar entrevista. Nas redes sociais, voltou a afirmar que condiciona a possibilidade de apoio ao texto à retirada de alguns pontos.”É importante debater a reforma da Previdência, contanto que não prejudique os mais pobres, principalmente idosos, deficientes e os trabalhadores rurais. Isso é inegociável nessa discussão”, escreveu.


O ministro da economia, que no dia anterior se reuniu com a Frente Nacional de Prefeitos( FNP), não apresentou detalhes da proposta que altera as regras da aposentadoria. Ele argumentou com os gestores, porém, sobre a necessidade urgente de aprovar a medida para evitar o colapso da Previdência. 


O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez coro ao argumento de que o crescimento econômico depende da reforma. “O Brasil não vai gerar novos empregos. Não vai crescer se não aprovar a reforma da Previdência”.


Preocupação


O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu após o encontro que é importante aproveitar o momento para  aprovar a matéria, um vez que em 2020 as atenções se voltam às eleições municipais, o que, na opinião dele, pode dificultar a tramitação no Congresso Nacional. Segundo ele, porém, a preocupação com a condução política da reforma também foi exposta ao ministro.


“Deixamos claras as preocupações dos governadores sobre relação entre governo e Congresso. Queremos que a decisão sobre a reforma da Previdência se dê o mais rápido possível. Se o ambiente político retardar aprovação da Previdência, os Estados terão menos tempo para aprovarem medidas complementares juntos às Assembleias Legislativas”, afirmou.


O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), revelou que não há consenso entre os governadores a respeito da proposta de reforma que tramita no Congresso. “O ambiente político atual não é propício para a aprovação da previdência. O ambiente político tenso atrapalha encaminhamento de qualquer proposta”, completou, ao fim da reunião.