Fora do poder, presidente terá de enfrentar acusação de corrupção no caso do “Decreto dos Portos”
Agência Brasil
A menos de duas semanas do fim do mandato, o presidente Michel Temer (MDB) foi denunciado por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro no inquérito que apurava um suposto esquema criminoso envolvendo o setor de portos. A acusação foi feita, nesta quarta-feira, pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Dodge requer que, a partir de janeiro, quando Temer deixar o Planalto, a denúncia passe a tramitar perante a 10ª Vara Federal no Distrito Federal. Se a denúncia for recebida pela Justiça, o emedebista se torna réu. Ele já é alvo de outras duas denúncias, feitas no ano passado pelo então procurador-geral, Rodrigo Janot, sob acusação de corrupção e de integrar organização criminosa.
A investigação foi aberta em 2017 para investigar um decreto editado por Temer. As investigações derivaram da delação de executivos da JBS. Segundo a denúncia, empresas como a Rodrimar, que opera no Porto de Santos, conhecida área de influência do MDB, foram beneficiadas pelo decreto. Os investigadores apontaram a Rodrimar como uma das empresas que pagaram propina a Temer por meio de empresas Argeplan, Eliland do Brasil, PDA Administração e Participação e PDA Projeto e Direção Arquitetônica, ligadas ao coronel João Baptista Lima Filho, aposentado da PM paulista e amigo do presidente há mais de 30 anos.
Junto com Temer, foram denunciados os responsáveis pela Rodrimar e pela Argeplan, Antônio Celso Grecco e o coronel Lima, além do ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, o executivo Ricardo Mesquita e Carlos Alberto da Costa, sócio do coronel. A acusação aponta movimentação indevida de R$ 32,6 milhões. Em nota, o Planalto divulgou que “o presidente Michel Temer provará, nos autos judiciais, que não houve nenhuma irregularidade”.