Expansão do segmento de energia solar amplia potencial de empregabilidade no Ceará

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|FOCO NO INTERIOR| Estado tem 29 usinas em operação e outras 111 por implantar. Instalação de grandes complexos que empregam centenas de profissionais acontece para além da Capital

Com 29 usinas de energia solar em operação e outras 111 em diferentes etapas de implantação, o Ceará vai mais que quadruplicar o número de empreendimentos nos próximos anos, bem como aumentar em quase 7 vezes a atual potência outorgada, passando de 701,9 MW (mega-watts) para 4,7GW. (giga-watts).

Contudo, além do impacto da instalação dessas usinas na matriz energética do Estado, a própria matéria-prima envolvida nessa cadeia produtiva tem ajudado a desconcentrar a geração de emprego e renda da Grande Fortaleza e das regiões litorâneas para o Interior cearense, onde a incidência de luz solar é mais abundante.

Para se ter uma ideia, apenas dois dos empreendimentos que estão em fase de construção devem gerar mais de 2.300 empregos diretos, nos municípios de Jaguaruana (Região Jaguaribana), Abaiara e Milagres (ambos no Cariri). A propósito, somando postos de trabalho diretos e indiretos, a cadeia produtiva da energia solar (tecnicamente chamada de fotovoltaica) emprega 2.375 pessoas no Brasil, segundo pesquisa realizada pela empresa alemã GIZ. Isso coloca o País como o 8º no ranking de empregabilidade do setor.

O secretário-executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra-CE), Adão Linhares, lembra que as primeiras etapas da cadeia produtiva da energia solar, que envolvem a mineração do silício e a produção de células fotovoltaicas, geram poucos empregos, mas se concentram em países como a China. Nas fases de construção e operação de usinas de energia fotovoltaicas, há grande geração de postos de trabalho, principalmente considerando a estruturação dessa indústria no Brasil.

“No Brasil, a gente sempre ocupa mais gente nessas cadeias de tecnologia de energia do que o a média do mundo. Além da mão de obra ser mais barata, há uma cultura de utilização de mais profissionais. Some-se a isso, o fato de a nossa estrutura de rede elétrica, incluindo as subestações e as redes de transmissão e distribuição, diretamente relacionadas ao negócio, exigirem mais contratações”, explica. Linhares acrescenta que “diferentemente do processo de expansão da energia eólica que trouxe muita mão de obra estrangeira, a solar emprega gente nossa, já que avançamos muito em formação. O Ceará é pioneiro nisso, aliás”.

Conforme o CEO da Kroma Energia, Rodrigo Mello, “um parque solar, além de empregar mais gente no local em que é instalado do que um parque eólico, por exemplo, precisa de mais profissionais para tocar a manutenção do empreendimento. Esses são empregos qualificados que, geralmente, tem remuneração acima do padrão médio de renda da cidade. Nós já tivemos uma experiência positiva, nesse sentido, no município de Quixeré, onde conseguimos deixar um legado muito bom pra cidade em termos de formação de mão de obra local e de treinamento no processo de contratação”.

A empresa que está desenvolvendo outros dois projetos, um em Jaguaruana e outro novamente em Quixeré também aposta na parceria com entidades que compõem o chamado Sistema S e com as prefeituras locais, conforme Mello. “A gente tem o cuidado e atenção antes de iniciar as contratações de conversar com os órgãos ornamentais e com essas instituições que, por sua vez, estão sempre de portas abertas para nos receber. Um empreendimento de grande porte é interessante para localidade como um todo, restaurantes, pousadas e uma série de coisas”, cita.

Já o líder da Lightsource BP no Brasil, Ricardo Barros, destaca que no processo de implantação de um complexo solar entre os municípios de Abaiara e Milagres, prevista para entrar em operação no início de 2024, a empresa tem se preocupado em aumentar a participação feminina entre a mão de obra contratada. Vale lembrar que, conforme a pesquisa sobre esse mercado realizada pela Giz, apenas 32% da força de trabalho do setor solar é composta por mulheres.

“A gente tem um grande cuidado para geração de empregos se concentrar na região onde a gente se implanta e para aumentar a participação das mulheres. Hoje, realmente é um meio predominantemente masculino no Brasil e no mundo, mas a gente quer fazer um pouco a diferença e trazer mais mulheres para ele. Acho que para isso o apoio das escolas e das universidades da região também é importante”, enfatiza.

Para facilitar a contratação de mão de obra local, a Lightsource BP também fez uma parceria com uma entidade do Sistema S, mais precisamente o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), além de ter terceirizado parte desse processo para a pernambucana Motrice, especializada em construção no segmento de energia, detalha Barros.

Sistema S

Para garantir melhor capacitação e qualificação profissional, empresas têm aderido a parcerias com o Sistema S para formar colaboradores de acordo com o perfil de cada setor

Fonte: O Povo

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