Demissões recentes têm dividido parlamentares da base aliada. Nesta terça-feira (18), a comissão especial que analisa as mudanças propostas nas regras da aposentadoria começa a discutir o parecer do relator
Após um fim de semana em que buscou se afastar das polêmicas envolvendo vazamentos da Operação Lava Jato enquanto lidava com os desdobramentos da demissão do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, o Palácio do Planalto inicia a semana com atenções voltadas ao Congresso Nacional: nesta terça-feira (18), a comissão especial da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados entra na fase de discussão e votação do parecer do relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentado na última semana.
Os últimos dias foram de poucas manifestações públicas da base do Governo no Legislativo sobre o tema. No sábado (15), a líder do Governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), esteve na Paraíba para acompanhar os festejos do São João de Campina Grande e, conforme publicou no Twitter, “levar informações” sobre a proposta do Governo Bolsonaro.
Ela destacou a importância da articulação com foco no Nordeste para a garantia de votos. “Nós vamos continuar lutando pela maior reforma possível”, sustentou. “Vamos em frente para colocar estados, colocar municípios, pressionar esse povo aí dos partidos de oposição”, completou.
A partir de amanhã, por acordo, todos os inscritos, mesmo que não sejam membros da comissão especial, poderão falar. Não haverá obstrução nessa fase, mas a oposição já antecipou que pretende obstruir a votação da proposta. “Vamos para o enfrentamento, mas não vamos vacilar”, disse o deputado José Guimarães (PT-CE). Para a votação do parecer no colegiado, é necessária a presença de metade mais um dos membros (25 deputados).
Em meio a “frituras” de membros da gestão por Bolsonaro, iniciadas com a demissão do ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, na última quinta (13), o clima no Congresso, porém, não é dos melhores na base no início desta semana.
Reações
Às vésperas da votação da reforma da Previdência na comissão especial, o coordenador da bancada do PSL no colegiado, Alexandre Frota (SP), por exemplo, foi uma das vozes mais ativas nas críticas à demissão de Santos Cruz.
A “fritura” de ministros não é bem-vista no Legislativo: quando Bolsonaro demitiu Gustavo Bebianno da Secretaria de Governo, antes, parlamentares aliados ficaram ressabiados. Nas últimas demissões, a situação é mais amena, porque havia uma antipatia de governistas com Levy, por exemplo. Por ter integrado um Governo petista, o presidente do BNDES não angariou tanto apoio.
É o contrário do que aconteceu com a declaração do ministro Paulo Guedes (Economia), principal ponto de tensão entre Executivo e Legislativo nos últimos dias. A crítica ao relatório de Samuel Moreira não pegou bem mesmo entre aliados do Governo. Capitão Augusto (PL-SP), deputado bolsonarista, diz que a mudança das regras de aposentadoria acontece “apesar do Governo, não graças a ele”. “O mérito é todo do presidente Rodrigo Maia “, afirmou.
Moro no Congresso
Em meio ao clima de instabilidade gerado pela onda de demissões no alto escalão do Governo, o ministro Sergio Moro (Justiça) vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (19) para responder a questionamentos sobre as mensagens trocadas com membros da força-tarefa da Lava Jato, reveladas pelo site “The Intercept Brasil”.
Decreto das armas
No Senado, a Ordem do Dia de terça (18) será aberta com o projeto (PDL 233/2019) que susta o decreto do Governo que amplia as possibilidades de porte de arma (Decreto 9785, de 2019). O projeto foi aprovado, em conjunto com outras seis propostas, na última quarta-feira (12) na CCJ. No sábado, Bolsonaro pediu, no Twitter, que a população cobre os senadores para evitar “perdas” com a aprovação do projeto.