Com queda da Selic, inadimplência nos bancos cai, aponta Banco Central

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| PESSOA FÍSICA | Cenário de inadimplência melhora, mas, no Ceará, volume de crédito das operações de crédito se expandiu em R$ 5,9 bilhões em 2023, menos do que os R$ 11,68 bilhões de 2022

O nível de inadimplência dos consumidores cearenses com os bancos sofreu uma queda de 1,1 ponto percentual (p.p.) e caiu de 5,6% para 4,7% em três trimestres. Os dados são do Banco Central e ocorrem no mesmo período em que a taxa básica de juros (Selic) passou a cair no Brasil, de 13,75% para os atuais 10,75%.

Em janeiro deste ano, a taxa de inadimplência das operações alcançou os 4,73%, o menor patamar em 21 meses no Ceará.

Vale lembrar que o Brasil passou por um período de um ano em que o nível da taxa Selic ficou estabilizado no patamar de 13,75%, entre agosto de 2022 e agosto de 2023. Somente a partir daí, o indicador passou por seguidas quedas.

Em agosto de 2023 caiu para 13,25%; em setembro, para 12,75%; em novembro, para 12,25%; em dezembro, para 11,75%; em fevereiro, para 11,25%; e, na última reunião, em 21 de março, para 10,75%.

Dentro desse cenário de Selic em queda, outro indicador do mercado de crédito no Ceará não acompanhou o movimento positivo, que foi o volume de crédito liberado em operações.

Durante o acumulado do ano de 2023, esse indicador evoluiu em R$ 5,9 bilhões, menos do que os R$ 11,68 bilhões observados em 2022.

O saldo das operações de crédito dos bancos envolvendo pessoas físicas no Ceará fechou em R$ 82,22 bilhões. E, conforme os dados mais recentes disponibilizados pelo Banco Central, esse patamar subiu para R$ 83,28 bilhões em janeiro.

Na avaliação do economista e ex-superintendente de Finanças e Mercado de Capitais do Banco do Nordeste (BNB), Alex Araújo, o movimento observado no mercado de pessoas físicas é similar ao visto nas empresas. Antes de tomar novos créditos, a prioridade tem sido o pagamento de dívidas.

Esse movimento ocorre porque o juro real está ainda muito alto, explica Alex. Ele destaca que o movimento de queda da inflação foi mais acelerado na economia brasileira, gerando essa diferença que inibe a tomada de crédito neste momento.

Para Alex, o movimento de queda da Selic significa muito mais um ajuste em relação ao movimento da inflação do que uma mudança no perfil de juros do Brasil.

O economista destaca que um ponto importante não captado pelo Banco Central é o nível de endividamento do consumidor, que está em alta.

De acordo com o levantamento Perfil de Endividamento do Consumidor, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), revela que a taxa de comprometimento da renda familiar dos consumidores saltou de 40,1% em junho de 2023 para 47,7% em março passado.

“Esse indicador historicamente mostrava que o limite médio de comprometimento da renda com pagamento de dívidas no Brasil é em torno de 30%. Esse patamar elevou para algo acima de 40% e, dependendo do perfil de renda, vai até 50%”, explica.

Neste contexto, o economista lembra que observamos no Ceará uma queda forte daqueles bens de consumo durável, que eram consumidos com dívida e, como as famílias não tinham mais capacidade de comprometimento ou crédito negativado por inadimplência, pararam de consumir.

Assim, o orçamento das famílias, aliviado com a queda da Selic e da inflação, está voltado ao pagamento de dívidas e ao consumo de produtos básicos, afirma Alex.

Os dados de inadimplência de pessoas físicas com bancos revelam isso. Em 2022, o percentual subiu 1 p.p., enquanto no acumulado de 2023 caiu 0,37 p.p. e, se for incluído o dado de janeiro deste ano, a redução acumulada desde o início da queda da Selic já foi de 0,59 p.p.

Para o curto e médio prazo, a avaliação do economista é de que as previsões positivas do mercado para o comportamento da Selic, com o Índice Focus apontando taxa básica de juros de até 8,5% em 2025, reduz o juro real e anima consumidores e empresas a buscarem crédito.

E os bens de consumo duráveis devem ser novamente alvos para esse consumidor. Esse movimento ocorreria também aliado à continuidade do bom momento do mercado de trabalho, pontua.

JUROS BANCÁRIOS
O movimento de queda da Selic também influenciou na queda do percentual médio das taxas de juros das operações bancárias no Brasil, apontam os dados do Banco Central. Em maio de 2023, o percentual chegou a alcançar 37,99%, enquanto fechou o ano em 32,38%, mais de 5 p.p. a menos.

Fonte: O Povo

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