O ex-presidenciável pelo PDT afirmou que se a plataforma for contra o compromisso com os mais pobres, ele seguirá contra a proposta.
O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) se manifestou nesta terça-feira (5) contra a proposta do Governo Federal em fixar a idade mínima para aposentadoria em 65 anos, tanto para homens, quanto para mulheres.
“Isso é um estilo do Bolsonaro. Essa proposta que vazou para o jornal, como se fosse um acidente, não é uma proposta. Ele está fazendo aquele ‘se colar, colou’, está jogando a proposta com casca e tudo, muito pior, para ter o que negociar. A nossa proposta em relação à idade é diferente. Nós queremos fazer com que a idade evolua assim. Na medida em que a expectativa de vida oficialmente anunciada pelo IBGE aumenta, automaticamente aumenta a cada ano três ou quatro meses a idade mínima para a aposentadoria”, colocou.
O comentário foi feito na posse do deputado estadual Zezinho Albuquerque como titular da Secretaria das Cidades, realizada nesta terça-feira (5), na sala de reuniões do Palácio da Abolição, em Fortaleza.
Ciro criticou também a tentativa de estipular o direito à previdência somente após 40 anos de contribuição. “Nós também não concordamos que determinadas profissões tenham que contribuir o mesmo tempo das outras, porque são profissões atípicas. Por exemplo, um professor não tem como dar 40 anos de aula para merecer o provento integral. Um policial não tem como correr atrás de bandido por 40 anos para ter direito a provento especial”, disse.
Outra proposta
“Nós temos um projeto que procura resolver o problema da Previdência, porém respeitando as diferenças do Brasil, que é um país muito desigual. Por exemplo, nosso projeto não aceita que se imponha ao trabalhador rural a mesma idade mínima que se dá ao trabalhador engravatado do ar-condicionado. Não é que um não seja tão respeitável quanto o outro, é que a vida do campo, especialmente no sertão, no interior da Amazônia, no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, é uma vida que muito precocemente envelhece o nosso povo”, afirmou.
A plataforma para mulheres também deve ser diferenciada, conforme opina o político. “As mulheres no Brasil jogam uma dupla jornada de trabalho. Por mais que a gente esteja modernizando a nossa sociedade, ainda é fato que a mulher ganha 70% do salário que o homem ganha, pelo mesmo trabalho, e ainda é fato que ela joga uma dupla jornada, tomando conta de casa, tomando conta dos filhos, ainda que isso não seja justo e esteja mudando. Portanto a previdência também tem que entender isso. São determinadas coisas que a gente considera que têm que ser levadas em conta. Se forem levadas em conta, a gente continuará colaborando. Se, entretanto, esses valores, do compromisso que nós temos com os mais pobres, forem abandonados, nós também iremos ficar contra a proposta”.
Lei Anticrime
Ciro Gomes também aproveitou para criticar a Lei Anticrime, apresentada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na última segunda-feira (4). A proposta traz medidas para o combate de crimes contra corrupção, crime organizado e crime violento e deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional nos próximos dias.
“É bobagem. Mal pensada, mal estudada. Não vai ao ponto. O grande problema do Brasil é que hoje nós temos 760 mil pessoas presas, em presídios que têm capacidade de reter 350 mil. Ou seja, nós temos dois presos para cada vaga. E quando a gente vai olhar, quase 70% disso são jovens presos com minúsculas quantidades de droga, para a polícia e para o Judiciário fazerem de conta que estão enfrentando, enquanto o verdadeiro banditismo, responsável pela violência, charla por aí afora morando nos bairros ricos, e não nas favelas. O Brasil precisa considerar isso se quiser fazer de fato uma reforma”, avalia.