Bolsonaro e Camilo precisam negociar para atingir objetivos

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Por Miguel Martins


Camilo Santana tenta construir pontes com o Governo Central e isso pode passar pelo Senado


O presidente Jair Bolsonaro terá pela frente o desafio de cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral, principalmente, no que diz respeito ao combate à corrupção, redução dos índices de criminalidade e melhoria do quadro econômico. Já o governador Camilo Santana procura formas de se aproximar do Governo Central para que recursos sejam disponibilizados ao Estado.


Para especialistas entrevistados pelo Diário do Nordeste, a equipe ministerial de Bolsonaro reflete o sentimento imediato de boa parte da população, mas não sinaliza um sólido diálogo com o Congresso Nacional nem com partidos políticos, o que vai requerer esforço da base para aprovar medidas importantes.


O cientista político, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, afirma que o Ministério de Bolsonaro é formado majoritariamente por três correntes principais: os militares, os religiosos e os tecnocratas. Neste meio, é preciso o Presidente encontrar pontes com partidos e parlamentares.


“Na cerimônia de posse no Congresso, Jair Bolsonaro não citou um partido político sequer. Por mais que os políticos e os partidos sejam desprezados, o presidente vai precisar deles para governar”, aponta o estudioso.


Na visão do professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, uma das principais atenções da população está na figura do ministro Sérgio Moro e seu superministério da Justiça, com foco na pauta anticorrupção e na redução da violência.


Na área econômica, a grande expectativa é a reforma da Previdência, não implementada pelo presidente Michel Temer, e a recuperação da atividade econômica no País, que enfrenta crise. Para o especialista, “todos os demais assuntos são de menor importância se comparados com a Previdência”.


 


No Estado


Camilo Santana precisará atuar cada vez mais de forma harmoniosa com representantes cearenses no Congresso Nacional, com objetivo de atrair projetos federais para o Estado. Essa é a avaliação de cientistas políticos focados na realidade local.


Uma dessas estratégias seria o apoio ao nome do senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) para o comando do Senado. A exemplo do que ocorreu com o atual presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB), a tendência seria de uma maior aproximação do governador petista com o parlamentar tucano.


Isso, inclusive, já estaria ocorrendo com as indicações de dois representantes do PSDB para o secretariado do segundo Governo Camilo: Maia Júnior, no Desenvolvimento Econômico; e Dr. Cabeto, vice-presidente estadual da sigla tucana na Saúde.


“Isso faz parte da estratégia política de Camilo Santana, e talvez por isso ele esteja mais aberto à negociação”, aposta a cientista política Carla Michele Quaresma.


De acordo com ela, o governador tem capacidade considerável de se posicionar de forma plural entre as forças políticas. “Torcer pela vitória de Tasso no Senado é uma estratégia. Não sei se será tão exitosa, como foi com o Eunício Oliveira”, ponderou.


Já o cientista político Clésio Arruda avalia que a ação política do governador em colocar no seu Governo tucanos não remete ao presente, mas a prováveis alianças futuras que devem ser costuradas.