Bolsa sobe com ata do Copom e expectativa da nova matriz fiscal

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Bolsa B3 volta a operar acima dos 100 mil pontos. Ontem, as ações do Grupo Hapvida foram as que mais se valorizaram: subiram 18,47%

Ontem, terça-feira, dia 28, houve festa na Bolsa de Valores brasileira B3, que retornou ao patamar dos 100 mil pontos, perdidos na semana passada. A B3 fechou em alta de 1,52%, aos 101.185 pontos. O dólar, por seu turno, caiu 0,81%, fechando o dia cotado a R$ 5,16.

O bom humor dos investidores, ou especuladores, voltou porque a ata da reunião do Copom que manteve o juro básico Selic em 13,75%, apesar da linguagem dura, trouxe acenos ao governo, que vem pressionando o Banco Central a reduzir a taxa de juros.

Na ata do Copom, está dito que permanecem as preocupações da autoridade monetária quanto às incertezas da política fiscal do governo do presidente Lula, que promete para esta semana – hoje, amanhã, ou sexta-feira – a divulgação do texto da proposta do novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos.
Mas a ata do Copom assinala que, se a proposta do novo marco fiscal for algo crível e sólido, crescerão as chances de o processo de desinflação tornar-se mais rápido, mais eficiente e mais convergente, ou seja, aproximando as providências cautelosas do Banco Central com o esforço do governo de ser austero no controle das contas públicas.

E se tudo der certo a dívida pública permanecerá sob controle.

Para analistas do mercado, a ata do Copom quis transmitir a mensagem de que o novo arcabouço fiscal deve trazer diretrizes que apontem para a melhora da credibilidade da gestão fiscal do governo. Temem a autoridade ,monetária e mais ainda o mercado que no núcleo duro do governo prevaleça a vontade do PT, cujo comando deseja ampliar os gastos para impulsionar o investimento público, a criação de emprego e a retomada do crescimento.

O ministério da Fazenda, cujo titular é Fernando Haddad, da linha mais light do petismo, pensa diferente, pois entende como necessário que o governo tenha e mantenha um compromisso com a austeridade fiscal, sem o que não poderá ser atendida a política social prometida na campanha eleitoral de Lula.

A ata do Copom também trouxe argumentos ligados ao cenário da economia mundial, do qual emergem preocupações com a saúde financeira dos bancos nos Estados Unidos e na Europa, de que são exemplos a quebra do norte-americano Silicon Valley Bank e do europeu Credit Suisse, comprado na semana passada pelo UBS, maior banco da Suíça.

Na mesma ata, o Copom, isto é, o Banco Central assinala como positiva a decisão do governo de reduzir as taxas de juros do Crédito Consignado concedido aos aposentados do INSS.

Ontem, o ministro Fernando Haddad disse aos jornalistas que hoje, quarta-feira, dia 29, terá uma reunião com o presidente Lula, da qual participará, também, o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Essa reunião, disse Haddad, será conclusiva, isto é, o texto da proposta do novo arcabouço fiscal será aprovado. Mas, se esse texto será divulgado ainda hoje, o ministro não disse.

O que está já determinado é que, até o próximo dia 15 de abril, a proposta da nova matriz fiscal do governo Lula estará no Congresso Nacional, aonde chegará também o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, que será elaborada de acordo com o que proporá a nova política fiscal.

O ministro Fernando Haddad fez referência, na sua conversa com os jornalistas, sobre o texto da ata da reunião do Copom, dizendo que ele manteve a linha do comunicado divulgado logo após a reunião da última quarta-feira, mas trouxe termos mais condizentes com a perspectiva de harmonização da política monetária do Banco Central com a política fiscal do governo

Todas essas notícias contribuíram para o bom desempenho de ontem da Bolsa de Valores B3, que se animou, igualmente, com a noba alta do preço internacional do petróleo. O óleo do tipo Brent, importado pela Petrobras, foi negociado na terça-feira na Bolsa de Londres a quase US$ 70 por barril, o que levou à subida das ações da Petrobras, que se valorizaram 1%.

Da mesma maneira, subiram 1,8% os preços do minério de ferro, que foram negociados a US$ 128 por tonelada. Isto fez subir, também, em 1% as ações da Vale, maior exportadora brasileira de minério para a China.

Resumindo: cresce no mercado financeiro a expectativa quanto à próxima divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal. Será essa proposta que jogará luz nas preocupações em torno do controle das contas públicas e na austeridade fiscal. Há otimismo entre os investidores, e isto pode ser medido pela boa reação que causou a ata da reunião do Copom.

Mas houve um fato também significante no pregão de ontem da Bolsa de Valores, e isto tem a ver com o Ceará e os cearenses: as ações do Grupo Havida tiveram na terça-feira um dia de fortes ganhos. Suas ações subiram 18,47%. Os papéis do Hapvida, que tem sede em Fortaleza, onde nasceu, foram os que mais se valorizaram no pregão de ontem da bolsa.

Há um motivo: o mercado recebeu muito bem a decisão dos controladores do grupo de comprar 10 hospitais do Hapvida e, imediatamente, aluga-los para a empresa. Isto significará uma automática injeção de capital de R$ 1,2 bilhão.

Além disso, o grupo terá o apoio de quatro grandes bancos – o Bank of America, o UBS Brasil, o BTG Pactual e o Itaú BBA – para a viabilização de uma nova chamada de capital.

Na manhã desta quarta-feira, as bolsas europeias abriram no positivo, seguindo o caminho das bolsas da Ásia, que também fecharam em alta.

Fonte: Diário do Nordeste

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