Atividade econômica tem maior queda em nove meses, diz BC

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O ritmo fraco da economia brasileira estendeu-se para fevereiro com a maior contração em nove meses, apontam dados do Banco Central, divulgados ontem. A nova previsão amplia as projeções de uma queda no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre e corrobora as preocupações com as perspectivas de crescimento do País. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou 0,73% em fevereiro na comparação com o mês anterior. Foi o segundo resultado negativo seguido, após recuo de 0,31% em janeiro (dado revisado pelo BC).


 


E é também a pior leitura para o indicador desde a queda de 3,1% vista em maio de 2018, quando a greve dos caminhoneiros paralisou a economia. Em fevereiro, a produção industrial do Brasil mostrou alguma recuperação ao avançar 0,7% sobre o mês anterior, devolvendo as perdas vistas em janeiro. Mas o setor opera em margem idêntica à de 2009. Ou seja, a indústria contabiliza atraso de uma década. Já as vendas no varejo ficaram estáveis no mês graças às compras voltadas para o Carnaval, que compensaram as perdas em supermercados e combustíveis. O volume dos serviços, por sua vez, recuou 0,4% em fevereiro, na segunda queda seguida.


 


Lentidão


 


O cenário permanece sendo de lentidão da economia e mercado de trabalho fraco, com cerca de 13 milhões de desempregados no País, ainda que a inflação e taxa de juros baixas proporcionem alguma expectativa de melhora do consumo. Na comparação com fevereiro de 2018, o IBC-Br apresentou crescimento de 2,49% e, no acumulado em 12 meses, teve alta de 1,21%.


 


Esse cenário de incertezas está levando os economistas a revisarem as projeções para o crescimento do PIB de 2019. A mais recente pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC junto a uma centena de economistas mostra que a expectativa para a atividade neste ano é de crescimento de 1,95%, indo a 2,58% em 2020.


 


A queda do PIB apontada no boletim do Banco Central vem ocorrendo semana a semana. No Focus anterior, por exemplo, a previsão era de alta de 1,98% do PIB -aquela foi a primeira vez que o levantamento indicou previsão abaixo de 2% para 2019. “Indicadores de atividade econômica conhecidos até o momento seguem sugerindo uma leve queda de 0,1% do PIB no primeiro trimestre deste ano”, afirmou o Bradesco em nota. O índice é o mesmo do Itaú, que reviu na semana passada a previsão para o período também para queda de 0,1%, ante alta de 0,3% projetada anteriormente.


 


Na semana passada, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu a estimativa de expansão da economia brasileira em 2019 a 2,1%, citando a necessidade de cortes de gastos com funcionalismo público e da reforma da Previdência para conter as crescentes despesas. O Focus também passou a projetar inflação acima dos 4%. Agora, os analistas ouvidos pelo Banco Central preveem IPCA em 4,06%, contra 3,9% há uma semana.


O índice permanece abaixo do centro da meta, que é de 4,25% para 2019.