Alta nos combustíveis faz brasileiro repensar uso do carro

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Com o orçamento apertado, parte da população decidiu deixar o automóvel parado na garagem por mais tempo. Viagens longas de lazer ficaram mais escassas nos últimos meses.

Na tentativa de economizar, a migração para o transporte público, bicicleta ou até skate, quando possível, também é uma opção que passou a fazer parte da rotina. O advogado Marcos Barbosa, 50, integra o grupo que resolveu deixar o carro mais tempo na garagem devido aos aumentos da gasolina.

Agora, o automóvel só é retirado de casa em situações de maior necessidade, como saídas para compras no supermercado ou na feira. O morador de São Paulo também reduziu visitas a familiares no município de Casa Branca (cerca de 240 km da capital paulista). As viagens, que antes eram feitas a cada 15 ou 30 dias, passaram a ocorrer, em média, a cada três meses.

Barbosa trabalha em regime de home office. Mas, quando há necessidade de saídas a trabalho durante a semana, vem procurando usar o transporte público. “Tenho carro, mas estou usando o mínimo possível”, relata. “Minha maior preocupação é com o coletivo: um aumento tão forte nos combustíveis é devastador”, avalia.
A Petrobras anunciou no dia 10 de março um mega-aumento nas refinarias. A gasolina subiu 18,8%, o óleo diesel avançou 24,9%, e o gás de cozinha teve alta de 16,1%.

O mega-aumento veio após os itens já terem engatado fortes altas durante a pandemia. Só em 2021, a inflação da gasolina para o consumidor final disparou 47,49%, conforme dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

A alta da gasolina também afeta a rotina de muitos cearenses. Alguns preferem deixar o carro na garagem e usar ônibus e para as distâncias menores vale a bicicleta. É o caso do comerciante Raimundo Costa, morador do bairro José Walter. “Nem no fim de semana tenho tirado o carro da garagem. Os passeios agora são por aqui mesmo no bairro”
O professor de história da arte Gabriel Costa, 27, tampouco ficou imune aos impactos da carestia. Sua família teve de readaptar o uso do carro para momentos de lazer e trabalho.

“Isso afeta o dia a dia. Por exemplo: passei a frequentar uma academia mais perto de casa. Em vez de usar o carro, vou até lá de skate”, diz o morador de Anápolis (cerca de 60 km de Goiânia).
Costa ainda lamenta que as tarifas das corridas de aplicativos de transporte ficaram mais altas em meio ao avanço dos combustíveis. Ele usa as plataformas para ir ao trabalho.

“No final do ano passado, pagava R$ 11, R$ 12 ou R$ 13, em média, para ir trabalhar. Hoje, o valor está entre R$ 19 e R$ 21”, afirma.
Risco de efeito cascata Após o mega-aumento dos combustíveis deste mês, economistas passaram a projetar uma inflação mais alta para 2022.

Além dos efeitos diretos para o consumidor com a gasolina mais cara, há perspectiva de impactos indiretos devido ao reajuste do óleo diesel, pontua o economista Matheus Peçanha, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
“O diesel tem grande poder de disseminar aumentos. É o combustível para fretes, agricultura mecanizada e transporte público. Pode gerar um efeito cascata”, diz o pesquisador, que projeta IPCA de 7,5% ao final de 2022.

Fonte: O Estado CE

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