Inflação americana vai atrapalhar BC do Brasil?

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Se Fed não puder reduzir os juros, espaço para queda da Selic se reduz

Durou muito pouco a alegria com o resultado mais benigno do IPCA de março. Meia hora depois do IBGE ter divulgado alta de 0,16% do índice, saiu o CPI dos Estados Unidos, também uma medida de inflação ao consumidor. Pela terceira vez seguida, o desempenho americano surpreendeu para pior e desencadeou uma reação negativa nos mercados internacionais. Aqui não foi diferente.

A dúvida é quanto essa dinâmica desencontrada no combate à inflação vai prejudicar os planos do BC brasileiro na redução da Selic. Historicamente, e teoricamente também, é mais difícil baixar juros quando a taxa americana está mais alta. Com o “preço” do dinheiro mais alto lá, já que o juro americano é a referência global de custo de capital, é quase impossível ir contra esse movimento.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenta acalmar as expectativas dos gestores e investidores nacionais. Ele vive dizendo que não há uma relação mecânica entre a atuação das duas instituições. Por relação mecânica, Campos Neto quer dizer que o Comitê brasileiro não vai mudar sua estratégia de uma hora para outra.

O desenrolar dos fatos e dos efeitos na economia americana e na doméstica é que vai mostrar se houve impacto no IPCA. O ponto principal da dúvida sobre como o atraso na queda da taxa nos Estados Unidos influencia a velocidade da Selic é exatamente o “tempo” da tomada de decisão. O BC deve se antecipar sendo preventivo, ou esperar para ver o tamanho do problema?

Uma fonte graduada em Brasília lembra que no segundo semestre de 2023 houve uma disparada dos juros dos títulos públicos dos Estados Unidos e o dólar subiu. O BC estava começando a reduzir a Selic. Passadas algumas semanas ficou claro que o impacto não chegou, a inflação brasileira continuou caindo.

“Naquele momento, se a reação do BC tivesse sido muito rápida, ele teria dado um remédio para um paciente que não precisava e poderia machucá-lo. O risco é sempre ficar atrasado ou medicar sem necessidade”, disse a fonte ouvida pelo Blog.

Pelas indicações na comunicação oficial do BC e nas falas de seus dirigentes, Campos Neto e outros diretores, tudo indica que o Copom comprou um pouco de tempo antes de agir. Ao sinalizar que o ritmo de queda de 0,50% por reunião só dura até maio, o Comitê decidiu apenas se desamarrar de uma posição para ganhar “graus de liberdade” para agir.

Fonte: CNN Brasil

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