Covid-19 já matou 595 mil pessoas no Brasil, 46% a mais que na conta oficial, diz instituto

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IHME, em Seattle, aponta desvios por subnotificação e estima saldo maior no país do que as 406 mil mortes registradas até 6 de maio. No mundo, já teriam sido 6,9 milhões de vítimas, mais que o dobro do número oficial

A covid-19 já matou 595.903 pessoas no Brasil, ou seja, 187,2 mil a mais do que o saldo tido como oficial da pandemia no país, segundo uma estimativa do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em Seattle, nos Estados Unidos.

Até a data-base do estudo, o total de mortes no país era de 406 mil, segundo o consórcio de veículos de imprensa que passou a apurar os balanços junto às secretarias estaduais em junho de 2020, após o Ministério da Saúde restringir acesso a dados e, depois, alterar metodologias.

Desde o início da pandemia, os modelos matemáticos do IHME vêm servindo de base para as respostas contra o novo coronavírus por parte de governos como o americano e o britânico. Se a estimativa do instituto estiver correta, o saldo de mortes por covid-19 no Brasil já é 45,8% maior que o total notificado.

A conta é baseada em “evidências significativas de subnotificação” em todos os países do mundo, que, segundo o IHME, variam em maior ou menor grau a depender do nível de discrepância entre os números de vítimas do novo coronavírus informados pelos governos e os dados sobre o total de mortes nesses países na comparação com o histórico dos anos anteriores.

Também entram na verificação das “mortes excedentes”, como tem sido chamada essa diferença estimada entre o total notificado de mortes e o saldo real da pandemia, as divergências constatadas entre os números de mortes por covid-19 informados pelos governos e os saldos totais de falecimentos por problemas respiratórios em cada região.

“Por mais terrível que a pandemia de covid-19 já possa parecer, esta análise mostra que o saldo real é significativamente pior”, comentou o diretor do IHME, o médico Chris Murray.

Segundo ele, “compreender o verdadeiro saldo de mortes por covid-19 não só nos ajuda a compreender melhor a magnitude da crise global, como também fornece informação valiosa para formuladores de políticas públicas desenvolverem respostas e planos de recuperação”.

Há algumas semanasantes desta estimativa de mortes além das oficialmente registradas, o IHME já havia previsto que o Brasil, então com reportadas 382 mil mortes por covid-19, pode chegar a 611 mil vítimas até agosto.

Segundo o instituto, mais de 60 mil dessas novas mortes poderiam ser evitadas caso fosse revertido o cenário de descaso do governo federal com relação à obrigatoriedade de uso de máscaras e adoção de distanciamento e à implementação ou não de outras medidas preventivas, como fechamentos parciais de comércios e proibição de aglomerações.

O IHME deve publicar em breve uma nova projeção do total de mortes no Brasil causadas pela covid-19, incluindo o atual cálculo de “mortes excedentes”.

“Muitas vítimas de covid-19 acabam não sendo reportadas porque alguns países só contabilizam as mortes que acontecem em hospitais, ou quando houve testagem das vítimas indicando diagnóstico positivo para a infecção pelo vírus. Em muitos lugares, falta de testes e fragilidades nos sistemas de saúde aumentam o desafio”, afirmou o IHME.

 

O instituto ressalta que “a nova estimativa só inclui mortes causadas diretamente pelo novo coronavírus, sem levar em conta outras mortes eventualmente causadas pela obstrução que a pandemia gerou nos sistemas de saúde ou por problemas mentais, como depressão”.

No mundo, mais que o dobro das mortes notificadas

 

Com base nas contas do IHME, os EUA já teriam tido 905 mil mortes, quase o dobro das 574 mil notificadas até a data da publicação.

No mundo, o total de mortes já seria de 6,9 milhões, segundo o IHME, mais que o dobro da contagem oficial dos países, que apontava 3,2 milhões de vítimas até 6 de maio.

Fonte: Valor Investe

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