Sintaf celebra o mês das mulheres com debate sobre machismo estrutural

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O Mês da Mulher foi comemorado pelo Sintaf na manhã da última sexta-feira, 21 de março, no auditório da Sefaz, com a realização do seminário “Mulheres Protagonistas: Vozes que Transformam”. O evento contou com café da manhã, massoterapia, serviços de saúde, distribuição de brindes e sorteio de livros.

Na abertura, entre uma e outra canção apresentada pelo Coral dos Fazendários, ouvia-se a poesia de Cora Coralina, suavizando o ambiente para o que viria a seguir: o painel “Desconstrução do machismo estrutural: dever de todos”, com as professoras doutoras Juliana Diniz e Ana Lorena Santana.

Abordar o machismo estrutural, tocando o coração das pessoas para o bom combate, era o desafio da Direção do Sintaf. Objetivo plenamente alcançado, tal a satisfação das mulheres e homens presentes.

Para a saudação inicial, representantes das entidades fazendárias deram as boas-vindas ao público: Larissa Harada (Coordenadora Adjunta do Sintaf na região do Cariri), Márcia Ximenes (Presidente da AAFEC, que também representou a Fundação Sintaf), Ivani Araújo (Diretora Financeira da Cafaz Saúde), Isabel Pires (Diretora de Comunicação e Eventos da Auditece), Ana Isabele Gomes (Coordenadora de Gestão de Pessoas da Sefaz).

A agenda das mulheres é legítima

A Prof.ª Dr.ª Juliana Diniz (@dinizjuju), que tinha na plateia diversas seguidoras em suas redes sociais, congratulou a entidade promotora do evento pela “janela aberta” representada por seminário desse porte, uma iniciativa que possibilita às mulheres fazendárias e demais convidadas o “questionamento social e político sobre a relevância e a necessidade de equidade de gênero e de promoção da autonomia da mulher”. Falou dos riscos de retrocesso legislativo e deslegitimação das conquistas e transformações das últimas décadas. “A desconstrução do machismo é um dever de todos”.

A agenda é legítima, é construção social que resultará em autonomia e liberdade. “Se há pessimismo no diagnóstico, tenhamos otimismo em relação ao futuro”, reforça Juliana Diniz, ressaltando o “letramento de gênero”, que é a compreensão dos conceitos e práticas sociais relacionados ao gênero com o objetivo de construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Acentua o desrespeito à mulher como algo recorrente, estrutural. A estrutura, ensina ela, está incorporada na nossa forma de compreender o mundo, as relações, a fé, o futuro, as hierarquias, os projetos de vida.

A professora Juliana Diniz é doutora em direito do Estado pela USP e, desde 2013, é professora da Universidade Federal do Ceará. É também vice-diretora da Editora UFC, editora do site @bemditojor e colunista no jornal O POVO.

Fácil romper com esse estado de coisas? Evidentemente que não, o machismo está fundado em diversas instâncias: práticas sociais, valores, identidades, linguagens, instituições. A desigualdade entre homens e mulheres é um fato social cuja superação é um dever moral e jurídico. “Vivemos em um mundo muito desigual, mas, em verdade, não existe ninguém melhor que o outro”. A professora é assertiva: as mulheres estão hoje mais intolerantes frente a essa relação assimétrica. É inconcebível aceitar que um sujeito se sobreponha ao outro.

Citou a fala recente de um senador que afirmou que “enforcaria” a ministra Marina Silva, chamando à discussão o patriarcado, que precisa ser desnaturalizado. “A organização patriarcal é aprendida, assimilada e difundida de uma forma difusa e fragmentária. Ele se encontra nas piadas e gracejos que desonram as mulheres, na banalização da violência contra a mulher, no maior desafio à inserção profissional, na distribuição desigual do trabalho e da remuneração, na culpabilização pelo exercício de sua autonomia”, disse.

“O machismo é ruim para homens e mulheres. Um mundo igualitário é um mundo que produz bem-estar, um mundo menos opressivo, com felicidade para todos”, revela a professora Juliana Diniz, que, ressaltando o papel de vanguarda de Maria da Penha, que há pouco recebeu da Universidade Federal do Ceará o título de Doutora Honoris Causa. E disse mais: “Da palestra fique como mensagem o convite à reflexão sobre a igualdade, sobre a justiça entre homens e mulheres, para que a gente possa construir políticas e relações mais tranquilas, pacificadas, que levem a uma vida boa para todos nós, para as gerações futuras, pois esta é uma construção intergeracional”.

O debate foi coordenado por Kétilla Cavalcante, diretora adjunta Jurídica e Econômico-Tributária do Sintaf

Debatendo o tema

No papel de debatedora, a Profª Dr.ª Ana Lorena advertiu: a mudança social é um desafio; é preciso produzir novos entendimentos de mundo. Ela entende que a invisibilização da mulher aumenta a descriminalização, e que se faz necessária a união de todas. A professora abordou ainda a sororidade, conceito ligado ao feminismo, significando a prática de empatia, confiança, cooperação e acolhimento entre mulheres, e defendeu: “Sem união não será possível a emancipação”.

Ana Lorena disse sentir-se privilegiada em participar do Seminário, acreditando que a discussão irá reverberar na comunidade da Secretaria da Fazenda, “no sentido de melhorias na relação entre homens e mulheres, não apenas aqui, mas também em relação às famílias, às futuras gerações de mulheres, que vão escutar os depoimentos que ouvimos aqui”.

Sônia Gomes é fazendária filiada ao Sintaf e mulher de luta

Plateia se manifesta

Sônia Gomes, emocionada, defendeu: “Por um mundo mais igual, que fiquemos de mãos dadas, que nos mantenhamos vigilantes”.

Luiz Carlos Diógenes, Diretor de Cidadania, Inclusão Social e Cultura da Fundação Sintaf, lembrou a figura da heroína Bárbara de Alencar, que inaugurou o movimento feminista brasileiro ainda no início dos anos 1.800. Destacou ainda a “invisibilizada” Ana Triste, protagonista da peça “Sertão Confederado”, espetáculo que traz o olhar feminino e onisciente da mulher de Tristão Gonçalves em meio à Confederação do Equador.

Luiz Carlos Diógenes é diretor de Cidadania, Inclusão Social e Cultura da Fundação Sintaf

Depoimentos

“Sou fã da Juliana Diniz, leio os artigos dela todos os sábados. Ela é muito combativa e suas palavras são lições que devemos aplicar na luta contra o machismo, luta que é de toda hora, de todo instante, na perspectiva de um mundo mais justo, melhor”. Norma Célia Carneiro Silva

“A palestrante é muito preparada e as lições de hoje foram magníficas. Temos que reconhecer que o machismo existe, por isso a nossa posição tem que ser de vigilância. Sou otimista em relação a um mundo mais igualitário entre homens e mulheres; temos de reconhecer os avanços, entre os quais estão a proteção no trabalho, as ações afirmativas de inclusão, a criminalização da violência doméstica, a transformação do olhar sobre as tarefas de cuidados. As mulheres estão ocupando mais espaços de decisão; lutam mais. Acredito que no futuro não existirá o machismo”. Ivany Araújo, diretora financeira da Cafaz Saúde

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