“O PIB do Ceará tem forte influência do setor de serviços, que foi o que mais sofreu durante este período. Já o PIB brasileiro tem maior participação do agronegócio. Mesmo assim, essa diferença dos números não deve ser tão grande”, indica o especialista.
Período mais intenso dos efeitos da pandemia sobre a economia, Alisson considera resultado “um pouco pior do que as expectativas mostravam”, mas que já era previsível. “O mercado já vinha trabalhando com um número próximo a esse, uma queda de 9,2% ou 9,3%, então, dentro do universo econômico, de oscilações, o número não está muito distante. O Estado é altamente relacionado à economia brasileira, então deve ser (um resultado) muito próximo”, explica.
A expectativa é que a economia tenha voltado a crescer no terceiro trimestre, mas há dúvidas sobre o ritmo de recuperação, principalmente por causa das sequelas no mercado de trabalho e da situação fiscal do País.
Em relação ao mesmo período de 2019, o PIB nacional caiu 11,4%. Ambas taxas foram as quedas mais intensas da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1996, mas, segundo cálculos de pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV), não há registro de um trimestre com desempenho pior desde 1980.
Recessão técnica
Foi também o segundo trimestre de retração – a queda do primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2019 foi revisada para 2,5%, ante o 1,5% inicialmente informado -, primeira vez que isso ocorre desde 2016. As duas retrações seguidas caracterizam uma “recessão técnica”, classificação comumente usada no mercado financeiro, embora o comitê independente da FGV dedicado a analisar os ciclos econômicos já tivesse marcado o início da recessão no primeiro trimestre.
Com a paralisação quase total da indústria automobilística e cortes na produção de artigos considerados supérfluos, a indústria brasileira recuou 12,3% no segundo trimestre. Foi o maior recuo entre os setores pesquisados para o cálculo do PIB.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou a queda do PIB ao “barulho de um raio” que caiu em abril passado. “Isso é lá atrás. Isso é um impacto de lá atrás. Nós estamos decolando em V”, disse.
Guedes ainda afirmou que o crescimento da economia no próximo ano pode surpreender. Segundo a estimativa que consta da proposta de Orçamento do próximo ano, encaminhada na segunda-feira ao Congresso, o PIB deverá ter uma alta de 3,2% em 2021.
“Ano que vem podemos ser surpreendidos com crescimento de 3%, 3,5%, 4% a 4,5%. Só depende de aprovarmos as reformas”.
Reformas
O cenário político é determinante para guiar os resultados nos próximos trimestres. Para Alisson, a aprovação das reformas (administrativa e tributária) pode acelerar o processo de retomada econômica.
“As reformas estruturais são pontos que ajudam a catalisar o processo de recuperação econômica. Temos mais dois resultados para saber como começamos o ano de 2021”, diz Martins.
Diário do Nordeste