Projeto “Desencantando Bárbara” movimenta comunidade de Itaguá, em Campos Sales

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O projeto “Desencantando Bárbara”, lançado no último dia 28 de agosto, na comunidade de Itaguá, distrito em Campos Sales, homenageou uma das figuras mais importantes da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador: Bárbara Pereira de Alencar. O evento foi realizado em parceria pela Fundação Sintaf, a Estação de Cultura Ecopedagógica e o Sintaf Ceará.

É na comunidade de Itaguá que se encontram os restos mortais da heroína, e a ideia de desencantar Bárbara vem da fala de Guimarães Rosa para Carlos Drummond, “não morreu, encantou-se!”, que inspirou as palavras do coordenador regional adjunto do Sintaf no Cariri, Luiz Carlos Diógenes: “para a emancipação feminista e pelo protagonismo político do Cariri, urge desencantá-la”.

Em 28 de agosto, aniversário de 190 anos de sua morte, o mercado da comunidade de Itaguá contou com apresentação de fantoches, contos sobre a vida de Bárbara de Alencar e uma oficina de pinturas sobre o tema “Paixão, vida e morte de Bárbara”. Houve em média um total de 40 telas pintadas no evento. “Com elas seguimos em cortejo, ladeira acima, a fim de acordar Bárbara de um sono secular, no jazigo da capela. Assim, ela desencantou-se!”, relata Luiz Carlos.

O coordenador também comenta que a “presença” de Bárbara ressurge nas panelas com as comidas típicas feitas pelas pessoas da comunidade, como a Carol e o Humberto, que possuem uma “budega”. “Parece a mesma Bárbara desenvolvimentista, fazendo a riqueza circular quando era fazendeira entre os séculos XVIII e XIX. Só que, desta vez, acionando a economia da cultura, cada vez que uma homenagem lhe é feita na terra que acolhe seus restos mortais”, afirma.

Para Luiz Carlos, o projeto também contempla a exibição do vídeo “Desencantando Bárbara”, ainda em produção, na praça da comunidade. “O projeto também visa despertar a comunidade a lutar por um memorial, já que a Escola Rural (Ceru) está em completo abandono e desprezo. Pode ser o espaço de um memorial ou museu, a depender da luta política para implementá-lo”.

Saiba mais

Bárbara de Alencar, nativa de Exu, se mudou bem jovem para trabalhar como comerciante na cidade do Crato. Foi considerada a primeira prisioneira política por ter sido uma das lideranças na Revolução de Pernambuco em 1817 e lutava pela separação do Brasil de Portugal. Foi presa e torturada na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Mesmo assim, não deixou a luta, chegando a participar da Confederação do Equador (1824).

Bárbara é mãe dos também revolucionários José Martiniano Pereira de Alencar e Tristão Gonçalves e avó do escritor José de Alencar. Bárbara também ficou conhecida como Dona Bárbara do Crato, por ter morado bastante tempo na cidade e, após fugir de uma perseguição política, morreu em Fronteiras, no Piauí, e foi sepultada em Campos Sales, onde se localiza o distrito de Itaguá.

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