Produtos no atacarejo são em média 12% mais baratos no Ceará, aponta pesquisa

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A depender do produto a diferença de preço chega a ser de 70% entre os dois modelo de varejo no setor alimentício

Na busca por um alívio na hora de realizar as compras do mês, a ida até uma loja de atacarejo pode representar uma redução média de 12% nos gastos para adquirir alimentos e produtos essenciais ao consumo no Ceará.

Repassado com exclusividade ao O POVO, um levantamento de preços feito pela empresa InfoMarket revela que um mesmo produto ser até 70% mais barato em unidades de atacarejo do que em supermercados no Estado.

A pesquisa analisou o preço de 18 categorias de produtos em 21 lojas em Fortaleza, Maracanaú, Sobral e Juazeiro do Norte. Ao todo 1146 itens tiverem os preços comparados entre unidades de atacarejo e supermercados nas quatro cidades, envolvendo 15 redes de lojas.

Entre as categorias, frutas, legumes e verduras tiveram a maior variação de preço. Produtos desta categoria, em média são 21% mais baratos no atacarejo. A categoria apresenta ainda o produto com a maior diferença constatada pela pesquisa, o limão Taiti, que chega a ser 70% mais barato no atacarejo.

Para além dele, as maiores variações encontradas foram nos seguintes produtos: manteigas (20%), azeite (17,9%), frango (15,20%), ovos (14,67), feijão (9,67%), bebidas alcóolicas (9,15%) e arroz (9%).

Os alimentos perecíveis, maior parte da categoria de artigos para mercearia, de modo geral, apresentam variação média de 14%, sendo mais barato a compra em lojas de atacarejo.

A pesquisa pontua ainda que produtos como açúcar, leite e cerveja apresentaram “o mesmo grau de competitividade” independentemente do segmento e não registram diferenças significas entre as modalidades de venda analisadas.

Em contrapartida, produtos para pet chegam a ser 2,68% mais caro nas lojas de atacarejo. O mesmo vale para carnes de primeira e cortes nobres que custam 4,35% mais do que em unidades de supermercados.

Além das variações entre modalidades de venda, a pesquisa destaca que dentro de uma mesma rede de atacarejo ou supermercado há consideráveis diferenças de preços entre os produtos.

“Independentemente de onde você vá fazer suas compras, realizar pesquisas de preços antes mesmo de se dirigir ao supermercado pode ser uma das saídas para driblar os aumentos de preços. A tecnologia é parte fundamental para isso e existem diversos aplicativos que ajudam nessa coleta de preços”, comenta o diretor de tecnologia da InfoMarket, Rafael Bomfim.

Com relação aos dados da pesquisa, Rafael destaca ainda que a diferença de preço entre os tipos de rede de venda de alimentos varia de acordo com o avanço da inflação. Ele comenta que no caso do arroz, por exemplo, a diferença atual é de 9%, mas que se comparado os preços praticados por redes de atacarejo e supermercados nos meses de abril e maio, a economia acumulada chega a 15% diante da variação de preço do produto ao longo do tempo.

Nesse contexto, conforme a InforMarket, considerando levantamento realizado pela Geofusion, no Ceará houve um crescimento de 27% no número de lojas de atacarejo no Estado. O dado revela uma expansão considerável do setor no Estado e amplia a margem da variação de preços entre as próprias lojas do segmento, ampliando assim a possibilidade de economia dos consumidores.

Pessoas com rendimento maior têm mais possibilidades de economizar

Com a cesta básica custando em média R$ 657 na região metropolitana da Capital do Estado, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieesse), a desigualdade social pode representar um entrave até mesmo na busca por economizar, conforme analisa Silvana Parente, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon).

“No caso da troca do supermercado pelo atacarejo, claro que no cenário atual, a partir do momento em que for constatado essa vantagem de preço, todos podem e devem tirar proveito disso, mas para aqueles com menor rendimento não é tão simples assim”, pontua.

A especialista lembra que, em sua maior parte do tempo, as famílias na extrema pobreza no Estado não podem reservar uma quantia considerável para ir até um atacarejo, ainda que os produtos estejam mais baratos nesse modalidade de venda.

“Muitas vezes essas pessoas não sabem sequem se terão como comprar um almoço. Fazer uma compra para o mês é totalmente fora da realidade. Além disso, tem a questão da quantidade também, os produtos ficam mais baratos, mas você precisa comprar uma quantidade mínimo, ainda que três, quatro de cada e isso é impossível para muita gente”, afirma.

Dentro desse contexto, o sentimento de coletividade tem sido uma das maneiras de tentar driblar essa situação, conforme destaca Silvana. Ela comenta que em muitas comunidades e mesmo dentro de núcleos familiares próximos ou ainda vizinhos, a união para compra de alimentos e produtos de primeira necessidade em conjunto pode ser uma forma de explorar a variação de preço entre supermercado e atacarejo.

“O rendimento médio do trabalhador caiu, isso é um fato e é o primeiro fator de entrave para a simples compra de alimento. Em segundo lugar, a inflação sobre alimentos é bem maior do que a inflação média geral, está sempre acima de dois dígitos há algum tempo”, complementa.

Ela reitera a importância da pesquisa de preços e de uma organização financeira que busque, individualmente ou coletivamente, ampliar as possibilidades de economia e compra das famílias de uma comunidade.

“No caso da troca do supermercado pelo atacarejo, claro que no cenário atual, a partir do momento em que for constatado essa vantagem de preço, todos podem e devem tirar proveito disso, mas para aqueles com menor rendimento não é tão simples assim”, pontua.

Assim, Silvana comenta sobre a importância da informação como forma de fornecer ferramentas para que as famílias consigam minimamente entender o contexto econômico em que estão inseridas e vislumbrar possibilidades de o melhorar. “Fazer uma pesquisa de preços exige tempo e dinheiro de deslocamento e isso não é algo que esteja disponível em abundância para todo mundo”, complementa.

Ela destaca, por fim, que mesmo sendo um cenário adverso onde toda busca por economia é válida e necessária, as pessoas mais pobres são as mais afetadas pela escalada de preços, ficando por vezes, impossibilitadas de ter acesso a qualquer recurso que as permitam organizar suas ações em prol de uma economia à médio e longo prazo.

Fonte: O Povo

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