Participação das mulheres em cargos de chefia retrocedeu ao mesmo nível de 2013, aponta pesquisa do IBGE

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De acordo com o levantamento, a ocupação das mulheres é menor em lares com crianças de até três anos, as mulheres sofrem com a sub-representação em cargos políticos e, apesar de maior formação, recebem menor salário pela mesma função

disparidade de oportunidades entre homens e mulheres no Brasil foi evidenciada pela pesquisa Estatísticas de Gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a ocupação das mulheres é menor em lares com crianças de até três anos, as mulheres sofrem com a sub-representação em cargos políticos e, apesar de maior formação, recebem menor salário pela mesma função. Participação feminina nos cargos gerenciais, seja no setor público ou privado, vem caindo no Brasil. Enquanto em 2012 a média chegava a 48,8%, ao fim de 2019 essa média não passava de 37,4%, queda de mais de 10 pontos percentuais (p.p.).

No Ceará, ao fim de 2019, a proporção de mulheres na chefia era de 40%, um pouco acima da média nacional, mas um recuo ao índice observado em 2013. Apesar disso, o Ceará está entre os dez estados do País com maior percentual de mulheres em cargos gerenciais.

  • Participação das mulheres em cargos de gestão – Ceará
    2012  48,8%
    2013  40%
    2014  39,6%
    2015  41,1%
    2016  39%
    2017  35,8%
    2018  33,1%

O estado com a maior proporção de mulheres no comando de entidades públicas ou privada, na média, é o Piuaí (com mais de 50% de média – único estado a ultrapassar tal marca), seguido de Roraima, Acre, Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro, Alagoas, Maranhão, Amapá.

Dificuldade de inserção no mercado

O levantamento do IBGE ainda detalha como as mulheres, mesmo sendo mais escolarizadas, com proporção de 14,2% do total com ensino superior, enquanto os homens alcançam apenas 9,6% (Na população com 25 anos ou mais, 15,1% dos homens e 19,4% das mulheres tinham nível superior completo em 2019), elas encontram maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

No Brasil, em 2019, o nível de ocupação das mulheres de 25 a 49 anos vivendo com crianças de até 3 anos de idade foi de 54,6% e o dos homens foi de 89,2%. Em lares sem crianças nesse grupo etário, o nível de ocupação foi de 67,2% para as mulheres e 83,4% para os homens. As mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos de idade no domicílio apresentaram os menores níveis de ocupação: 49,7%.

Apesar de mais instruídas, as mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais e recebiam 77,7% do rendimento dos homens.

Quadro de sub-representação

A dificuldade também aumenta na inserção feminina na vida pública em geral. Mesmo sendo maioria da população nacional, as mulheres ainda tem representação bem aquém nos cargos eletivos e de gestão nos governos.

Em 2020, somente 18,5% dos vereadores eleitos no Ceará eram mulheres. Ainda assim, houve aumento de 2,2 p.p. em relação a 2016. O estado do Rio Grande do Norte possui a maior média percentual de ocupação feminina nas Câmaras municipais, com 21,8%.

Já a participação de mulheres em cargos ministeriais do Governo Federal é de apenas 7,1%, estando presentes em dois dos 22 ministérios. “A ocupação desses espaços por mulheres teria potencial para favorecer um enfoque direcionado a necessidades específicas no planejamento e execução de políticas públicas, além de representar exemplo para outras mulheres trilharem a carreira política.

No legislativo federal, o Ceará tem a quinta pior marca do Brasil em candidatas eleitas. O percentual de parlamentares mulheres em exercício na Câmara dos Deputados caiu, passando de 9,1% da bancada cearense em dezembro de 2017, para 4,5% em setembro de 2020.

Se analisarmos que Sergipe, Maranhão e Amazonas nem possuem deputadas em exercício, o Ceará possui a segunda menor bancada feminina do Legislativo, a frente apenas de Pernambuco.

Em 2020, as mulheres eram 14,8% dos deputados federais, a menor proporção da América do Sul e a 142ª posição de um ranking com dados para 190 países. No processo eleitoral de 2018, 32,2% das candidaturas para o cargo de deputado federal foram de mulheres. Entre as candidaturas que contaram com receita superior a R$ um milhão, apenas 18,0% foram femininas.

Dados importantes

  • Em lares com crianças de até 3 anos, mulheres têm menor nível de ocupação: Entre as mulheres de 25 a 49 anos que viviam em lares com crianças de até 3 anos de idade, pouco mais da metade (54,6%) estava efetivamente ocupada.

  • Mulheres dedicam quase o dobro do tempo em cuidados e/ou afazeres domésticos: No Brasil, em 2019, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro do tempo que os homens: 21,4 horas contra 11 horas semanais. Embora na Região Sudeste as mulheres dedicassem mais horas a estas atividades (22,1 horas), a maior desigualdade se encontrava na Região Nordeste: 21,8 para elas e 10,5 para eles.

  • 29,6% das mulheres e 15,6% dos homens trabalham em tempo parcial: Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida. Em 2019, cerca de um terço das mulheres (29,6%) estavam ocupadas em tempo parcial (até 30 horas semanais de trabalho), quase o dobro do verificado para os homens (15,6%). As mulheres pretas ou pardas eram as que mais exerciam o trabalhado parcial, que representava 32,7% do total, contra 26,0% das mulheres brancas.

  • Mulheres recebem 77,7% do rendimento dos homens: Em 2019, as mulheres receberam 77,7% (ou pouco mais de ¾) do rendimento dos homens. Enquanto o rendimento médio mensal dos homens era de R$2.555, o das mulheres era de R$1.985. A desigualdade é maior entre as pessoas nos grupos ocupacionais com maiores rendimentos. Nos grupos de Diretores e gerentes e Profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres receberam, respectivamente, 61,9% e 63,6% do rendimento dos homens.

  • Apesar de mais instruídas, mulheres ainda são minoria na docência superior: Entre a população com 25 anos ou mais, 15,1% dos homens e 19,4% das mulheres tinham nível superior completo em 2019. Na população mais jovem, no recorte de 25 a 34 anos, essa diferença chega a 6,8 pontos percentuais: 25,1% das mulheres possuíam nível superior completo, contra 18,3% dos homens. Entretanto, as mulheres representavam 46,8% dos professores de instituições de ensino superior no Brasil. Essa proporção vem crescendo, ainda que lentamente, nas últimas duas décadas.

  • Apenas 7,5% dos municípios têm delegacias especializadas para atender mulheres: Dentre as medidas previstas para o atendimento às mulheres em situação de violência, a Lei Maria da Penha determina a criação de serviços de atendimento às vítimas. Em 2018, a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) identificou que 2,7% dos municípios brasileiros possuíam casa-abrigo de gestão municipal, 20,9% dispunham de serviços especializados de enfrentamento à violência contra mulheres e 9,7% ofereciam serviços especializados de atendimento à violência sexual. Em 2019, 7,5% municípios contavam com delegacia especializada, patamar que não aumentou desde 2012.
Com informações do jornal O Povo.

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