Para assessor parlamentar, é fundamental eleger deputados comprometidos com a defesa do serviço público

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Na última edição do programa Ao Vivo No Fórum, ocorrido em 20 de junho, o assessor parlamentar e consultor sindical Vladimir Nepomuceno discutiu sobre a importância das eleições parlamentares na defesa do servido público. O programa contou com a participação de diversas lideranças sindicais, dentre elas o diretor de Organização do Sintaf Ceará, Carlos Brasil.

Conforme destacou Vladimir Nepomuceno, defender o serviço público “é defender o direito da população à saúde, à educação, à ciência e tecnologia”. Ele também apresentou dados sobre as bancadas eleitas em 2018, disponíveis na “Radiografia do Congresso”, publicação produzida pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), e demonstrou como as bancadas empresariais possuem um maior domínio dentro do Congresso – ao contrário das bancadas sindicais, que possuem pouquíssima participação.

O assessor chamou a atenção para o fato de que desde 1988 o país possui um sistema de governo denominado pelo cientista político Sergio Abranches de “presidencialismo de coalizão”. “O presidente não governa sozinho, e se não houver uma articulação entre o Chefe do Executivo e o Poder Legislativo, o governo trava”, apontou.

Conforme demonstrou Vladimir Nepomuceno, desde a época da eleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a bancada sindical vem reduzindo a sua participação no Senado e na Câmara Federal, enquanto as bancadas empresarial, ruralista, evangélica e da segurança (também denominada bancada da bala) vieram crescendo ou permanecendo na maioria – como é o caso da bancada empresarial.

Especificamente no Senado, a bancada sindical de 1998, ano da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, até 2014, reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, vinha tendo um constante crescimento no número de parlamentares, com uma quantidade de nove senadores. Porém, em 2018, com a eleição do presidente Bolsonaro, esse número caiu para cinco.

De 2010 para 2018, a bancada empresarial decaiu levemente na Câmara, porém a base presente no Senado cresceu forte, de 27 para 38 parlamentares, tendo como total o número de 242 parlamentares no Congresso Nacional. A bancada sindical decaiu bastante dentro desses oito anos – de 72 para 40 parlamentares – e Vladimir chama atenção para o detalhe de que a base evangélica cresce a partir do momento em que a bancada sindical se ausenta.

Ele explica que isso acontece devido à falta de investimento da bancada sindical em relação às pessoas pobres e desempregadas. “O pobre que não tem emprego não encontra apoio no movimento sindical, mas encontra na igreja evangélica”, afirmou.

Vladimir também exibiu dados da pesquisa do Instituto Quaest, que mostram a forma como a população escolhe seus candidatos e como se lembram deles. A grande maioria dos entrevistados não aprova os trabalhos dos políticos em geral. “Destes, 66% não se lembra em quem votou nas eleições de 2018 e apenas 15% se recorda”.

Ele destacou outro dado: a maior parte da população diz escolher um candidato por meio de como ele exibe suas ideias, de forma opiniosa, e complementa com a ideia do cientista político francês Bernard Manin, de que vivemos desde o início do século XX com o modelo de democracia de auditório, em que “a imagem dos candidatos vale mais do que a agenda ou de um projeto de governo”.

Para o assessor parlamentar, é preciso salvar o serviço público, em benefício da sociedade, elegendo um bom Presidente da República. “Mas, tão importante quanto, é fundamental eleger deputados e senadores mais comprometidos com os interesses dos servidores públicos e com as necessidades da população.”

:: Confira o programa completo

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