INSS pode abrir mão de R$ 54 bilhões em ações da revisão da vida toda

280

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poderá abrir mão de cobrar cerca de R$ 54 bilhões de aposentados e pensionistas que entraram na Justiça pedindo a revisão da vida toda. O valor é referente aos honorários de sucumbência e às custas processuais das ações a ser cobrado dos segurados em caso de derrota.

Durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quarta-feira (3), o ministro Dias Toffoli disse que entrou em contato com Jorge Messias, advogado-geral da União, para sugerir que o INSS abra mão do montante. Segundo ele, há mais de 3 milhões de ações na Justiça, totalizando R$ 540 bilhões de honorários.

Considerando que a tese da revisão da vida toda foi derrubada, os segurados teriam que pagar 10% deste valor ao INSS. Institutos de defesa dos aposentados contestam e falam em cerca de 100 mil ações.

Há duas semanas, ao julgar duas ações de 1999, STF derrubou o entendimento da própria corte que autorizava a revisão da vida toda. Falta agora o Supremo decidir sobre o recurso do INSS contra a revisão em si.

O julgamento estava previsto para ocorrer na última quarta-feira (3), mas o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, retirou o caso da pauta. Segundo a assessoria do Supremo, o adiamento ocorreu a pedido do relator, ministro Alexandre de Moraes.
Não há previsão para o tema voltar ao plenário. Caberá ao colegiado do STF decidir o que vai acontecer com as ações de quem entrou na Justiça para ter a correção, paradas desde o ano passado.

Além disso, os ministros terão de se posicionar sobre quem já ganhou o processo no Judiciário. Nesse caso, a dúvida é se quem já está recebendo a aposentadoria maior terá de devolver valores ao governo federal.

O Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) e o Instituto de Estudos Previdenciários estão protocolando petições em separado para que o resultado do julgamento de 2022 seja mantido, ou seja, para que revisão da vida toda seja possível, e para que os votos dos ministros aposentados Rosa Weber e Ricardo Lewandowski sejam considerados no recurso.

Caso não seja permitida a coexistência do entendimento do STF em 2022 e sobre a ação de 1999, os advogados pedem para que os aposentados que conseguiram a revisão na Justiça não precisem devolver o valor já recebido.

No pedido do IBDP, há ainda solicitação para que, caso o INSS não renuncie aos honorários e custas dos processos, o STF decida no julgamento dos embargos a favor dos aposentados e contra o pagamento desses valores por parte de quem foi derrotado na ação.

O que é
A revisão da vida toda é um processo judicial no qual os aposentados do INSS pedem para incluir salários antigos, pagos em outras moedas que não o Real, no cálculo da aposentadoria. O motivo pelo qual se discute o direito à correção é a aprovação da lei 9.876, de 1999, que criou o fator previdenciário e mudou a regra de cálculo da média salarial, base dos benefícios do INSS.

A reforma da Previdência do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso trouxe regra de transição que beneficiou novos segurados e prejudicou parte dos que já estavam no mercado de trabalho. Pela lei, quem se filiou à Previdência até 26 de novembro de 1999 tem a média salarial calculada com as 80% das maiores contribuições a partir de julho de 1994, quando o Plano Real passou a valer.

Mas quem passou a contribuir com o INSS a partir de 27 de novembro de 1999 e atingiu as condições de se aposentar até 12 de novembro de 2019 tem a média salarial calculada sobre os 80% maiores salários de toda sua vida laboral. Por isso, vida toda.
Durante todo o processo, o INSS defendeu que a aprovação da revisão afetaria o equilíbrio fiscal do sistema previdenciário.

Fonte: O Estado CE

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here