Número de casos é maior fora de Fortaleza. Dos 54.683 casos contabilizados no Estado até ontem, 46,4% são em Fortaleza e 53,6% nos demais municípios
A mudança no quadro da pandemia nas regiões do Ceará se acentua, com a inversão no cenário de casos confirmados. O número de diagnósticos do novo coronavírus fora de Fortaleza agora é maior do que os registros na Capital. Dos 54.683 casos contabilizados no Ceará até ontem, 2, 25.344 (46,4%) são em Fortaleza e 29.339 (53,6%) nos demais municípios cearenses. Os dados são de atualização, às 19h27min, da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Apesar de ainda ser considerado o epicentro da infecção, a Capital apresenta desaceleração no crescimento. Enquanto nos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e Interior, a disseminação tem sido mais rápida. Em uma semana, o número de casos cresceu 80% no Interior.
Ontem, houve recorde no número de registros de óbitos na plataforma, com o acréscimo de 316 confirmações. Foram 4.179 novos casos a mais que o dia anterior. Segundo aviso no IntegraSUS, “testagem em massa está sendo intensificada” com realização de testes rápidos.
A região circunvizinha da Capital concentra maior número de casos e de leitos de internação hospitalar. A disseminação da doença pelos municípios tem sido acompanhada de ampliação da rede pública de saúde pelas regiões cearenses na tentativa de atender à demanda causada pela Covid-19. A macrorregião de saúde de Fortaleza, uma das cinco do Estado, concentra mais de 38 mil diagnósticos positivos nos 44 municípios pelos quais é composta.
Sobral, distante 234,8 km da Capital, vem logo depois com 2.416 casos confirmados e 86 mortos, seguido de Caucaia (2.000 casos confirmados, 117 mortos) e Maracanaú (1.760 casos confirmados, 131 mortos).
De acordo com a Sesa, são 2.648 novos leitos de internação exclusivos para pacientes Covid-19, sendo 1.892 enfermarias e 756 UTIs. Conforme a pasta, dos leitos de alta complexidade, 466 são localizados na Capital e RMF. O número corresponde a 61,6% do total.
Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), destaca que a preocupação maior dos municípios tem sido o fortalecimento da atenção primária. “Estamos com foco no monitoramento e bloqueio desses casos para que a gente não tenha muita disseminação e consiga fazer o achatamento da curva”, explica.
Ela frisa que quase todos os municípios de médio porte receberam respiradores. Mas para evitar que os pacientes necessitem de atendimento em unidades intensivas, uma das estratégias é o monitoramento de pacientes com mais de 60 anos e comorbidades, considerados grupos de risco da Covid-19.
“Comparado com outros estados do Nordeste, o Ceará tem uma boa cobertura da estratégia de saúde da família, rede pulverizada. A dificuldade maior vai ser a maior complexidade, porque a cobertura de leitos de UTI é muito baixa”, avalia Marcelo Gurgel, professor de Saúde Pública e membro do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
“Se descer mais para o sul é que realmente pode ser mais complicado. São áreas mais pobres do Estado, marcada pela estiagem e com menor autonomia financeira”, aponta.
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