Especialistas explicam motivos e consequências da alta taxa de sonegação registrada no país – no ano passado, isso significou 11% do PIB
Levantamento feito pelo Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) mostrou que o Brasil deixou de arrecadar entre R$ 460 bilhões e R$ 600 bilhões em tributos, em 2020. O montante equivale a 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No total, a evasão fiscal de empresas ficou entre R$ 320 bilhões e 420 bilhões. Além desse valor, o trabalho informal também inviabilizou a arrecadação de uma quantia estimada entre R$ 140 bilhões e R$ 180 bilhões.
Veja o recorte detalhado:
- Indústria: de R$ 105 bilhões a R$ 134 bilhões
- Varejo: de R$ 95 bilhões a R$ 125 bilhões
- Serviços financeiros: de R$ 85 bilhões a R$ 115 bilhões
- Prestação de serviços: de R$ 42 bilhões a R$ 56 bilhões
- Outros: de R$ 133 bilhões a R$ 170 bilhões
Segundo o presidente do Comitê de Transação Tributária da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (Abat), Eduardo Mansur, a principal razão para esse alto índice é a complexidade do processo tributário. “É um sistema que compreende muita tributação que se sobrepõe na cadeia, passando pela produção, pelo comércio e varejo, chegando na ponta, no consumidor”, explica.
Além disso, Mansur diz que a alta tributação sobre a folha de salários é um fator que contribui para a sonegação de forma relevante, com 20% do total no valor de evasão. “Você tem uma tributação muito pesada sobre os encargos de trabalho e previdenciários”, pontua o especialista.
A maior parcela do valor sonegado, no entanto, corresponde ao varejo. “Há um contingente muito grande de brasileiros que não estão formalizados e que, para se sustentar, fazem comércio informal”, ressalta.