Diferença entre mães e pais no mercado volta a crescer

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Apesar de registrar avanço ao longo da última década, a participação das mulheres no mercado de trabalho segue distante da masculina e é ainda mais complicada para as brasileiras que são mães, sobretudo as com filhos mais novos.

“A despeito dos avanços na participação feminina no mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam muitos desafios”, aponta o estudo do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). “Esses desafios crescem substancialmente após o nascimento dos filhos, visto que as mulheres gastam, em média, mais horas do que os homens em tarefas domésticas e cuidados com crianças e idosos”, acrescenta.

No quarto trimestre de 2012, a participação das mulheres com filhos na força de trabalho era de pouco mais de um terço (36,4%), enquanto a dos homens chegava a quase três quartos (73,6%).
Ao longo da década, esse gap recuou, chegando a uma diferença de 31,5 pontos percentuais no quarto trimestre de 2019, às vésperas da pandemia.

Com os efeitos da crise sanitária, que destruiu empregos e paralisou escolas e creches, a lacuna voltou a subir, mas continuou abaixo do patamar de 2012.
O diferencial foi de 33,1 pontos no quarto trimestre de 2021, com taxas de participação de 38,4% para as mães e de 71,5% para os pais. A lacuna, na avaliação dos pesquisadores, permanece expressiva.
O chamado gap é definido como o diferencial ou lacuna entre as taxas de participação feminina e masculina, que correspondem ao percentual de mulheres ou homens inseridos na força de trabalho, em relação ao total de mulheres ou homens em idade de trabalhar (14 anos ou mais).

“Após a maternidade, a mulher muitas vezes não consegue voltar para o mercado ou só retorna quando o filho é adolescente. O ponto aqui é a existência desse gap”, afirma a economista Janaína Feijó, pesquisadora do FGV Ibre.
“Houve melhora ao longo da década, mas ela não foi suficiente para mudar o quadro. Parte das empresas faz esforços para ser mais amigável com as mães, abrindo a possibilidade de jornadas mais flexíveis. As novas gerações também entendem mais a divisão das tarefas entre os casais, mas o gap é persistente”, completa.
Idades dos filhos e das mães impactam a trajetória De acordo com a análise, quanto mais novo é o filho, menor é a probabilidade de a mãe participar da força de trabalho.

Os filhos em idade pré-escolar (zero a cinco anos) tendem a precisar de mais cuidados e demandam mais das mães, de modo que a idade dos filhos importa para a trajetória e as escolhas profissionais das mulheres”, diz o estudo.
“Com o passar dos anos da primeira infância, as mulheres tendem a aumentar sua probabilidade de estar no mercado, mas só conseguem se aproximar dos patamares observados antes da maternidade após o filho praticamente se tornar adulto”, completa.

A diferença também aparece entre mulheres e homens sem filhos Na comparação entre as mulheres e os homens sem filhos, as diferenças também são nítidas. Contudo, estão menos acentuadas do que no recorte entre mães e pais.
No quarto trimestre de 2021, a participação das mulheres sem filhos na força de trabalho (48,1%) era inferior em 21,6 pontos percentuais frente à dos homens sem filhos (69,7%). No quarto trimestre de 2012, estava em 24,7 pontos percentuais.

A diferença diminuiu ao longo da década, mas continua acima de 20%. Ao final de 2021, o gap de renda era de 22,8%.

O Estado do Ceará

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