Percentual de pessoas que diz confiar no sistema eleitoral eletrônico subiu entre maio e julho, período em que Bolsonaro intensificou ataques infundados à credibilidade das eleições
O percentual de brasileiros que diz confiar no sistema eleitoral e nas urnas eletrônicas cresceu para 79%, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada neste sábado (30). O levantamento foi realizado na semana seguinte a uma nova investida de Jair Bolsonaro ao processo eleitoral, quando o presidente fez ataques infundados para tentar desacreditar as urnas diante de dezenas de embaixadores estrangeiros numa reunião em Brasília, no dia 18 de julho.
A pesquisa ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades de todo o país nos dias 27 e 28 de julho, e foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01192/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Segundo a pesquisa, 47% da população diz confiar muito na urna eletrônica, enquanto 32% afirmam confiar um pouco. Outros 20% entrevistados disseram não confiar na urna eletrônica, e 1% não soube opinar. Nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas brasileiras, em uso desde 1996.
Em maio, 73% dos entrevistados davam credibilidade às urnas, com 42% afirmando confiar muito e 31%, um pouco. A porcentagem dos que não confiavam no sistema eletrônico era de 24%. Apesar do avanço, os números ainda estão abaixo do maior nível de confiança nas urnas registrado pelo Datafolha desde o início de sua medição, em dezembro de 2020: em março de 2022, 82% diziam confiar, contra 17% que declaravam não confiar no sistema eleitoral eletrônico.
Durante a reunião com embaixadores de 18 de julho, Bolsonaro reproduziu mentiras para contestar a legitimidade do processo eleitoral brasileiro e fez ataques a ministros do Supremo. O momento repercutiu em mais críticas ao presidente e levou à divulgação de uma série de notas públicas defendendo a segurança das urnas e a lisura do processo eleitoral brasileiro, entre eles comunicados de servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e da Polícia Federal.
Na terça-feira (26), professores da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) publicaram uma carta em defesa da democracia e cobrando o respeito ao resultado eleitoral, com adesão de diversos setores, incluindo nomes de peso do empresariado e do mercado financeiro. O documento, que será lido num evento em 11 de agosto, começou com 3.000 assinaturas e, até sábado (30), já contabilizava mais de 570 mil. O presidente Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, 18 pontos atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a mesma pesquisa Datafolha.
