Preços 33% maiores | Mesmo com a troca de marcas, os relatos é de que não se economiza tanto quanto o esperado. Veja dicas para substituição de alimentos, quais itens sofreram os maiores aumentos, e como fica a inflação em produtos da Capital

E essa é a realidade vivida por muitos fortalezenses. Em pesquisa exclusiva ao O POVO, a Infomarket, empresa especializada em inteligência de mercado no varejo, comparou as categorias de produtos da cesta básica entre os meses de janeiro a abril de 2021, com o igual período de 2022. O conjunto ficou 33% mais caro em Fortaleza.
Do café à manteiga: tudo está pesando no bolso
Dentre as 16 categorias analisadas, estão itens como café, óleo de soja, arroz, açúcar e manteiga. O estudo foi realizado em 16 supermercados da capital cearense, e os preços checados diretamente na gôndola pelos pesquisadores. No total, foram comparados 82 itens de marcas diversas em uma mesma categoria.
O resultado mostra que apenas 18 apresentaram redução de preço, com os 64 restantes mais caros para o consumidor no período analisado. Cenoura, tomate, café e óleo de soja tiveram as maiores variações, e acompanham a tendência de encarecimento da gasolina e energia elétrica percebida pela população.
Entre os produtos que reduziram de preço estão essenciais como arroz, em média 15,3% mais barato, e o feijão, com 2,7% de alteração. O aumento na produção e as condições climáticas são algumas das razões para essas variações. Ainda com as reduções apresentadas, a alimentação ficou mais cara na capital e no restante do País.
Em entrevista ao O POVO, a diretora da Infomarket, Katrine Rodrigues, comenta sobre a perda do poder de compra da população em razão dos efeitos da pandemia de Covid-19 e da alta dos combustíveis: “É um desafio para o consumidor buscar alternativas para os alimentos que estão com preços elevados e, ao mesmo tempo, garantir uma alimentação de qualidade.”
Além da busca por produtos de marcas alternativas, o consumidor precisa comparar mercados diferentes para economizar nas compras, o que é outra dificuldade apontada pela diretora.
Desafio não é garantir somente menor preço
Sobre esse desafio, a nutricionista Rafaele Zanete observa que itens básicos para uma alimentação saudável como frutas, legumes e proteínas estão sendo substituídos por outros ricos em carboidratos como pães, biscoitos e outras massas. “Isso acontece porque a população desconhece formas mais saudáveis de substituição, e acaba priorizando apenas o preço.”
Zanete alerta que essa prática nem sempre gera economias de fato e que pode levar à construção de hábitos alimentares não saudáveis, que acarretam problemas de saúde no longo prazo, como obesidade, diabetes e desnutrição (carência de vitaminas e minerais).
Indica ainda que é possível ter uma alimentação balanceada fazendo as substituições certas. “Trocas como cenoura pelo jerimum e a batata inglesa pela doce mantêm o mesmo valor nutricional e ajudam a economizar”. Optar por produtos da safra como manga, abacate e tangerina são outra opção. “O importante é fazer economia e manter a alimentação balanceada.”

Para a aposentada Socorro Barbosa, há outra dificuldade enfrentada por ela e por tantos outros brasileiros na hora de economizar: “esperar o dinheiro cair na conta”. Ela conta que ao receber o valor da aposentadoria, logo procura por um mercado atacarejo, onde tenta comprar os produtos em maior quantidade “antes que aumentem ainda mais de preço.”
A moradora da região da Praia de Iracema diz ser mais “prático” optar por alimentos como a galinha, que tem mais formas de preparo, inclusive com o aproveitamento das sobras em sopas e caldos.
“Nós, donas de casa, precisamos ser santas e operar milagres. Deixamos de suprir nossas necessidades porque precisamos economizar o tempo todo. Gostaria que todos pudessem comer bem. Saco seco não se põe em pé.”
O Povo