O ano de 2020 já se foi, mas a tempestade econômica ainda não desanuviou. De forma a vencer o mar revolto e o vento contrário ao crescimento econômico, evidentemente, além das estratégias sanitárias de combate à pandemia, necessitamos ligar o radar econômico e mapear as perdas.
A partir dos dados do IBGE e IPECE, este economista, em caráter preditivo, estima perdas econômicas no Ceará por volta de R$ 5,7 bilhões no ano de 2020. É interessante ressaltar que poderia ter sido bem pior para as empresas e famílias cearenses. O Núcleo de Práticas Econômicas – NUPE, ligado ao curso de Economia da Unifor, publicou trabalho e chegou a projetar perdas de R$ 7,5 bilhões, podendo alcançar até R$ 11,1 bilhões no cenário mais pessimista.
Entendamos perda como a queda na atividade econômica, pela métrica do Produto Interno Bruto – PIB.
Entre as ações governamentais, o auxílio emergencial, o programa de manutenção do emprego, as ações de concessão de crédito, com destaque para o FNE e o Pronampe, em grande medida, atenuaram o impacto econômico negativo decorrente da pandemia.
Apesar do esforço, sabemos das perdas econômicas. Entre os setores, somente a Agropecuária apresentou ganhos econômicos, o setor de Serviços, de maior representatividade no PIB Cearense, anotou perdas em R$ 3,9 bilhões, enquanto a Indústria, foi afetada negativamente em R$ 1,8 bilhão.
Nas atividades econômicas, a indústria de transformação foi a mais impactada em volume do PIB estimado, com perdas em R$ 898,2 milhões. O comércio, atividade importante na geração de empregos, perdeu R$ 701,5 milhões.
Entre as atividades de alojamento e alimentação, que contempla bares, restaurantes, hotéis e pousadas, o impacto negativo foi de R$ 451,9 milhões. A atividade classificada como “outros serviços”, que engloba atividades de educação, artes, cultura, entre outras, foi também fortemente impactada, com recuo econômico de R$ 592,4 milhões.
Para 2021, espera-se que consigamos navegar mais rápido, nas vias econômica e sanitária, atravessar a tempestade e entrar na rota do crescimento econômico novamente.
Por fim, vale salientar que os dados oficiais serão publicados pelo IBGE apenas em novembro de 2022, quando da divulgação das Contas Regionais.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
Diário do Nordeste