Busca pelo imunizante fez governador tomar frente das tratativas com Ministério da Saúde e Executivo paulista. Plano Nacional será lançado hoje com a presença de governadores e secretários de saúde
Nos últimos três dias, o governador esteve em São Paulo e visitou duas vezes Brasília. Hoje, a convite do Ministério da Saúde, participa do lançamento do Plano Nacional de Vacinação, que ocorre na Capital Federal. Além dele, secretários da Saúde e outros governadores foram convidados. O convite é tido como um aceno para apaziguar o clima com as lideranças estaduais.
Na segunda-feira (14), Camilo reiterou o que já havia sido informado pelo Ministério da Saúde dias antes: que o Brasil terá cerca de 300 milhões de doses de vacinas — 15 milhões até o dia 15 de janeiro. Após a reunião, Camilo também reproduziu fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que garantiu que a aplicação será da primeira vacina que seja aprovada em território nacional, independentemente da origem do laboratório.
Ainda na segunda-feira, o governador cearense disse que o Estado pretende seguir o plano federal de vacinação proposto pelo Ministério. Ele ainda detalhou sobre a estratégia do projeto.
“A partir do lançamento nacional será feito o lançamento regional”, explicou. “O Brasil precisa iniciar (o plano) com qualquer uma das vacinas, tendo o registro emergencial ou o definitivo”, destacou.
Ontem, acompanhado de João Doria (PSDB), o cearense amenizou a disputa entre o Governo paulista e o Governo Federal. “O objetivo de todos nós governadores é garantir a vacinação para a população dos nossos estados”, disse.
Em vídeo ao lado do petista, Dória chegou a anunciar, na tarde de ontem, que os dois gestores se reuniram novamente para definir a quantidade de vacinas enviadas ao Ceará, onde seriam destinadas, prioritariamente, a profissionais da saúde.
Camilo, no entanto, desconversou e reforçou a defesa pela distribuição nacional da vacina. “Fiz questão de reforçar a importância do plano contar com todas as vacinas registradas, com distribuição simultânea para os estados, e que o início da vacinação seja o mais rápido possível, com a devida segurança”, disse Camilo.
“Defendo que o momento deve ser da união de todos, independente de questões partidárias ou ideológicas. O mais importante é a garantia da saúde da nossa população. E disso não abrirei mão”, acrescentou o chefe do Executivo.
Queda de braço
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) travam uma queda de braço sobre a vacina. O tucano se antecipou e já em julho anunciou uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. Em outubro, o presidente afirmou que não compraria a vacina produzida pelos chineses.
Doria anunciou que o plano de vacinação com a CoronaVac começará no próximo dia 25 de janeiro, aumentando a pressão dos governadores sobre o Governo Federal para que o Ministério da Saúde lidere o plano de vacinação no País — fato que demorou para ocorrer em Brasília.
Apaziguador
Na semana passada, Doria e Pazuello protagonizaram uma discussão acerca da compra da CoronaVac. Ainda sem apresentar os documentos para o pedido de aprovação da Anvisa para o uso da vacina, a intenção do Governo de São Paulo é que o imunizante seja utilizado no plano nacional que será anunciado hoje.
“O que difere, ministro, a condição e a sua gestão como ministro da Saúde, de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina?”, perguntou Doria.
O trânsito de Camilo em Brasília e São Paulo nos últimos três dias imprimiu uma posição de neutralidade, com a intenção de apaziguar a tensão entre o governador tucano e o Planalto.
Na capital paulista, o governador cearense pontuou ontem que o encontro seria para firmar parceria. “Desejamos ter essa vacina o mais rápido possível no Ceará”, frisou.
“Todos nós estamos irmanados na busca das vacinas, e especificamente neste caso da vacina do Butantan, para começarmos a imunização de todos os brasileiros, inclusive do seu estado, o Ceará”, pontuou João Doria.
Diário do Nordeste