Governo brasileiro enfrenta acusação de genocídio indígenas por porta-vozes presentes no evento e diversas críticas sobre o aumento da emissão de gases tóxicos em 2020
Chefes de Estado e representantes de mais de 190 países iniciaram, neste domingo, 31, em Glasgow, na Escócia, as discussões sobre os compromissos firmados para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e frear o aquecimento global. O encontro é a 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26).
No primeiro dia do evento, um estudo alarmante apresentado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelou que os últimos sete anos foram os mais quentes da história. O documento ainda inclui que 2021 também caminha para resultados alarmantes, ficando entre 5º e o 7º lugar dessa classificação.
Segundo o relatório, a concentração de gases tóxicos bateu um novo recorde em 2020, com 413,2 partes por milhão (ppm) de CO2, 1889 parte por bilhão (ppb) de metano e 333,3ppb de óxido nitroso na atmosfera. Os números são, respectivamente 149%, 262% e 123% maiores do que os níveis pré-industriais, ou seja, do ano de 1750.
A divulgação da pesquisa serve de alerta para o Brasil. Na contramão mundial, o País aumentou emissões de CO2 em 2020. As emissões brasileiras de gases do efeito estufa aumentaram 9,5% em 2020, informou o relatório publicado na última quinta-feira, 28, pelo Observatório do Clima com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). O resultado brasileiro vai na contramão do mundo, que reduziu as emissões em quase 7% por conta da pandemia de Covid-19.
Segundo o documento, esse é o maior montante emitido pelo Brasil desde 2006 e foi influenciado pela “alta no desmatamento no ano passado, em especial na Amazônia”. “O SEEG calculou em 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) as emissões nacionais brutas no ano passado, contra 1,97 bilhão em 2019. É o maior nível de emissão do país desde 2006”, aponta o relatório.
Com o objetivo de mostrar que a demarcação de terras indígenas é uma das soluções para a crise climática do planeta, uma delegação de 40 indígenas brasileiros, que já é a maior da história da mobilização dos povos tradicionais em conferências do clima, desembarca na Escócia neste domingo. A organização da viagem ficou por conta da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O grupo deve servir de porta-voz indígena para representar os mais de 305 povos do Brasil. O objetivo é aproveitar a presença da mídia mundial para denunciar o governo brasileiro por genocídio e ecocídio praticados durante a pandemia do coronavírus. O ponto foi recusado no relatório apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), no âmbito da CPI da Covid-19, o que revoltou os indígenas.
Fonte: O POVO