Artigo: “O Brasil e a COP26”, por Francisco Wildys de Oliveira

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Por Francisco Wildys de Oliveira, diretor de Assuntos Econômico-Tributários do Sintaf

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) que começou dia 1° vai até 12 de novembro, na Escócia. Considerada uma das mais importantes da história, o presidente do Brasil e seu vice não participam. Enviaram o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. O ministro tem dito apenas que vai repetir o que Bolsonaro falou na Cúpula do Clima, em abril: zerar até 2030 o desmatamento ilegal e neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050.

Mas não explicou como o Brasil vai fazer isso, nem quais estratégias serão adotadas nas discussões em torno da regulamentação do mercado de carbono, previsto no acordo do clima. Esse mecanismo permite a compra de créditos de carbono por nações e empresas com dificuldades de cumprir as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa um mercado que poderia gerar bilhões de dólares ao Brasil.

A temperatura do planeta vai aumentar mais até a metade do século. Estudos científicos sobre o aquecimento global relatam que as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são incontestáveis e levaram ao aumento de 1 grau na temperatura do planeta desde o período pré-industrial. Os últimos 5 anos foram os mais quentes desde 1.850 e as mudanças no clima não têm precedentes durante séculos e até milhares de anos. Estes não são problemas para o futuro: seus efeitos já são sentidos agora em todo o mundo.

As ondas de calor vêm se tornando mais frequentes e intensas em todos os continentes. Enquanto frios intensos ficarão menos regulares e severos. Na Europa a temperatura vai aumentar acima da média global. Na América de Sul as mudanças vão provocar chuvas demais em algumas regiões e secas intensas noutras. O senso de urgência mobiliza as grandes potências globais. A União Europeia apresentou um plano ambicioso para combater as mudanças climáticas: o objetivo é cortar as emissões de dióxido de carbono em mais da metade até 2030.

Por esse plano, as nações que assinaram o Acordo de Paris prometem limitar o aumento da temperatura em 2 graus. Mas o Brasil vai na contramão do mundo: o País não cumpriu o Acordo, ao contrário, aumentou a emissão de gases de efeito estufa em 5%.

As projeções de estudos para 2030 estimam que o Brasil emitirá quase 6 gigatoneladas de dióxido de carbono como resultado das queimadas. E pelo Acordo o Brasil só poderia emitir 1,2 Gt. O secretário-geral da ONU Antonio Guterres reforça que investir numa economia resiliente e de zero emissões de carbono é a melhor maneira de reverter situação e destaca seu apoio ao “exército de jovens” que lutam pela ação climática.

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