Nos últimos 12 meses, preço do papel subiu entre 9% e 25%, enquanto o setor de papelão repassou entre 6% e 7% dessa alta
“Os preços dos papéis subiram bem mais do que do papelão, entre 9% e 25% em 12 meses. Nós absorvemos esse aumento e repassamos algo em torno de 6% a 7% aos nossos clientes, os fabricantes de alimentos, eletrônicos, higiene e limpeza e perfumaria, entre outros. A pressão continua e devemos reajustar um pouco mais até o fim do ano, mas não é o preço da embalagem que está fazendo o preço final do produto ficar mais alto”, diz.
Reciclagem
Gabriella conta que 70% do que o setor de papelão fabrica no País é produzido de material reciclável. Com o início da pandemia, os municípios foram obrigados a suspender a separação de lixo para a reciclagem por conta do risco de contaminação dos trabalhadores. Os resíduos, em vez de irem para a indústria, foram direcionados aos aterros. Tudo isso fez o insumo ser reduzido substancialmente no mercado, provocando alta nos preços
“Falamos com representantes dos Estados e do governo federal para pedir a retomada da coleta seletiva, que antes de tudo é uma questão ambiental”, conta, acrescentando que o estoque também não impactou a alta dos preços, já que o setor trabalha por encomenda.
Recuperação
O setor de papelão passa por uma grande recuperação. Segundo a ABPO, a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado foi de 351.193 toneladas em setembro de 2020, volume 15,4% superior ao mesmo mês em 2019. A expedição atinge um novo recorde mensal entre os meses de setembro e maior nível da série histórica iniciada em janeiro de 2005. Mesmo com um dia útil a mais do que o ano anterior (25 dias úteis em setembro de 2020 ante 24 dias úteis em setembro de 2019), a produção por dia útil cresceu 10,8% para 14.048 t/d.u., maior nível desde o início dessa série histórica.
Gabriella diz que apesar da queda no 2º trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, o terceiro trimestre deste ano aponta um crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período de 2019. O volume expedido no 3º trimestre foi de 1.006.433 toneladas, o maior trimestre desde 2005 e 15,9% maior do que o trimestre anterior, nos dados ajustados sazonalmente.
“Tomamos um susto no segundo trimestre, quando as vendas caíram apenas em maio 12,5% ante o mesmo período do ano passado. Mas as operações do setor foram mantidas durante a pandemia por serem reconhecidas como essenciais e a partir de junho a indústria de duráveis e semi duráveis passou a operar normalmente com o corona voucher ajudando nas vendas. Foi uma retomada em V e o terceiro trimestre apresentou crescimento de mais de 10% sobre o mesmo período de 2019”, comenta.